quarta-feira, maio 18, 2005

OS PAIS, O INSUCESSO ESCOLAR E O SISTEMA EDUCATIVO

Surgindo após a massificação do ensino em Portugal, o drama do insucesso escolar é uma matéria relativamente recente, com que a Sociedade Portuguesa se debate, sendo também uma das suas das maiores preocupações, sobretudo no que se refere à aplicação, nos dias de hoje, das políticas de desenvolvimento, tão necessárias ao país.
A demissão (do papel de educador) de um elevado número de pais na educação dos filhos é, hoje, uma das causas mais referidas no insucesso. Envolvidos por inúmeras solicitações no dia-a-dia, os pais, ficam muitas vezes sem tempo para si próprios, quanto mais para dedicarem à educação dos filhos. Quando se dirigem à Escola, raramente se dispõem a colaborar, colocando-se quase sempre numa atitude de “compradores” de serviços, exigindo eficiência à Escola, mas poucos incómodos para si próprio!
Pais permissivos, pais autoritários, má gestão de conflitos familiares, divórcios e desemprego, fazem parte, entre outros, de um extenso rol de causas que podem levar a que o aluno se sinta rejeitado e comece a desinteressar-se pelo seu percurso escolar, adoptando por vezes um comportamento indisciplinado. Mas também os atrasos do desenvolvimento cognitivo, o ingresso dos alunos em novos ciclos, sem que possuam os pré-requisitos, tão necessários a novas aprendizagens, criam desfasamentos no currículo escolar dos alunos. Também a instabilidade, característica da adolescência, se revela uma importante causa, individual de insucesso. No seu conjunto, estas situações conduzem muitas vezes a que o aluno rejeite a Escola e o levem a desinvestir no estudo das matérias, levando-o, frequentemente, à indisciplina.
Ninguém tem dúvidas em concordar que a actual sociedade assenta num conjunto de valores que desencorajam o estudo e promovem o insucesso escolar. Diversão, individualismo e consumismo, três valores (?) essenciais na sociedade actual, são em tudo opostos aos que a Escola significa: atitude crítica, a procura do saber, a comunhão de valores universais, a definição de metas, o cumprimento de tarefas e, entre outras, o sentido de responsabilidade.
O problema é identificar quais são as causas determinantes para o insucesso escolar de cada aluno. No entanto, uma coisa é certa, os alunos que se sentem acompanhados pela família e trabalham num bom clima familiar, tendem a obter melhores resultados que os restantes.
Urgente, é acabar rapidamente com este clima de irresponsabilidade e de falta de empenho que grassam na generalidade dos alunos da Escola Portuguesa e rever o nosso Sistema de Educativo.
Mas não se pense que é apenas no nosso país!
Tendo há algum tempo, tido acesso a um texto que relata um caso verídico, que à frente transcrevo, passado nos Estados Unidos da América, gostaria de o partilhar convosco para que juntos, possamos reflectir e tirar dele algumas ilações. Assim:
«Nos Estados Unidos da América, (onde mais poderia ser?) um casal de pais fez greve.
Armaram uma tenda no quintal e aí passaram a viver, indo apenas a casa para fazer as necessidades mais básicas…
- E porquê, perguntam vocês?
- Porque foi a maneira que encontraram para protestar!...
- E protestar o quê, perguntam vocês?
Protestar da falta de educação dos seus dois filhos! Então não é que eles – ela de 12 anos, e ele de 17 – pura e simplesmente não obedecem aos seus progenitores. Não ajudam nas lides domésticas, não fazem trabalhos básicos, não estudam, servindo-se do seu lar apenas para comer, dormir e divertir. Agora estão completamente “enrascados”, por não terem quem lhes trate da roupa, faça a cama, prepare as refeições, ou lave a loiça e ponha a mesa.»
Será que estes filhos estão a pensar em pôr os pais de castigo?

João José Cabral Viveiro - Presidente da Associação de Pais e Enc. de Educ. da Escola Secundária de Seia

quinta-feira, maio 05, 2005

O CIRCO DA VIDA!

Cada um é o que é! …
A vida privada das pessoas públicas é matéria que sempre me interessou muito pouco. Penso até que ela só justificaria ser eventualmente conhecida se, por uma qualquer razão muito forte, colidisse com o desempenho dos visados, afectando o exercício dos respectivos mandatos. No entanto, “não basta à mulher de César…”
Neste circo da vida os actores são como são! Em alguns é, até, de realçar a rara capacidade no desempenho de arriscados números de contorcionismo, dignos de autênticos malabaristas que se movimentam sinuosamente no circo da baixa política, tudo fazendo e a tudo se prestando, na ânsia de, eventualmente, um dia, poderem, à sombra de outros que pensam promover, ter acesso a eventual lapso de poder, o que, por si próprios, jamais conseguiriam.
Tal como os vermes, estes seres rastejantes, sobrevivem no escuro da noite e na sombra alheia, movimentando-se por reptação, evitando morder a própria língua, acto que se revela vital para assegurar a sua sobrevivência. Contudo, não conseguem disfarçar os permanentes golpes de rins. Esperemos que um dia destes, a sua coluna não venha a ressentir-se das sucessivas contorções e fique irremediavelmente lesionada! (É só rir!...)
A leviandade com que julgam, acusam, condenam e catalogam é impressionante…
Vem isto a propósito da existência dessas auto-convencidas criaturas que, apesar de ninguém lhes reconhecer importância, se auto denominam de seres superiores que pretensamente desejariam ser, sentindo-se até, imagine-se, com autoridade para julgar tudo e todos, catalogando indiscriminadamente e, advogando perante o seu semelhante, uma superioridade que nunca tiveram e que, dificilmente, algum dia, poderão vir a alcançar.
Coitados! Pura ilusão… Entre outros, talvez o seu maior erro seja o não compreenderem que a Comunidade, a quem tão mal tratam é que tem o poder de decisão, (leia-se do voto). E esta continua a rever-se no paradigma dos seus melhores, apreciando, entre outros, fundamentalmente, valores universais, (de que jamais serão possuidores) como: a lealdade, a honestidade, a tolerância, o altruísmo e a responsabilidade, inevitavelmente reflectidos a cada momento, nos mais pequenos gestos e nos mais variados actos praticados, não só ao longo da vida, como também pela generosa capacidade de entrega a ideias e a causas, em defesa dos concidadãos, contribuindo assim para uma Sociedade cada vez melhor, mais forte e mais justa.
É no exemplo desprendido, na obra feita, no gesto abnegado e generoso, tão necessário no momento próprio, que advém a filantropia autêntica. É aí que se revela a imortalidade da alma, levando ao conhecimento de todos a verdadeira dimensão do Homem.
É nestes Homens que a Comunidade, reconhece a necessária competência para lhes confiar o respectivo mandato político e não nos aventureiros e vendedores de ilusões que nada mostraram até hoje!
Daí que na última reunião da Assembleia Municipal de Seia eu tenha apelado ao civismo de todos os políticos, na campanha eleitoral autárquica que se aproxima, lembrando aos presentes que deveremos apostar em ideias e em projectos que possam, por si próprios, ser uma mais valia para a nossa Comunidade e nunca em campanhas negras de má memória e que tão más se revelaram para quem nelas apostou.