OS PAIS, O INSUCESSO ESCOLAR E O SISTEMA EDUCATIVO
Surgindo após a massificação do ensino em Portugal, o drama do insucesso escolar é uma matéria relativamente recente, com que a Sociedade Portuguesa se debate, sendo também uma das suas das maiores preocupações, sobretudo no que se refere à aplicação, nos dias de hoje, das políticas de desenvolvimento, tão necessárias ao país.
A demissão (do papel de educador) de um elevado número de pais na educação dos filhos é, hoje, uma das causas mais referidas no insucesso. Envolvidos por inúmeras solicitações no dia-a-dia, os pais, ficam muitas vezes sem tempo para si próprios, quanto mais para dedicarem à educação dos filhos. Quando se dirigem à Escola, raramente se dispõem a colaborar, colocando-se quase sempre numa atitude de “compradores” de serviços, exigindo eficiência à Escola, mas poucos incómodos para si próprio!
Pais permissivos, pais autoritários, má gestão de conflitos familiares, divórcios e desemprego, fazem parte, entre outros, de um extenso rol de causas que podem levar a que o aluno se sinta rejeitado e comece a desinteressar-se pelo seu percurso escolar, adoptando por vezes um comportamento indisciplinado. Mas também os atrasos do desenvolvimento cognitivo, o ingresso dos alunos em novos ciclos, sem que possuam os pré-requisitos, tão necessários a novas aprendizagens, criam desfasamentos no currículo escolar dos alunos. Também a instabilidade, característica da adolescência, se revela uma importante causa, individual de insucesso. No seu conjunto, estas situações conduzem muitas vezes a que o aluno rejeite a Escola e o levem a desinvestir no estudo das matérias, levando-o, frequentemente, à indisciplina.
Ninguém tem dúvidas em concordar que a actual sociedade assenta num conjunto de valores que desencorajam o estudo e promovem o insucesso escolar. Diversão, individualismo e consumismo, três valores (?) essenciais na sociedade actual, são em tudo opostos aos que a Escola significa: atitude crítica, a procura do saber, a comunhão de valores universais, a definição de metas, o cumprimento de tarefas e, entre outras, o sentido de responsabilidade.
O problema é identificar quais são as causas determinantes para o insucesso escolar de cada aluno. No entanto, uma coisa é certa, os alunos que se sentem acompanhados pela família e trabalham num bom clima familiar, tendem a obter melhores resultados que os restantes.
Urgente, é acabar rapidamente com este clima de irresponsabilidade e de falta de empenho que grassam na generalidade dos alunos da Escola Portuguesa e rever o nosso Sistema de Educativo.
Mas não se pense que é apenas no nosso país!
Tendo há algum tempo, tido acesso a um texto que relata um caso verídico, que à frente transcrevo, passado nos Estados Unidos da América, gostaria de o partilhar convosco para que juntos, possamos reflectir e tirar dele algumas ilações. Assim:
«Nos Estados Unidos da América, (onde mais poderia ser?) um casal de pais fez greve.
Armaram uma tenda no quintal e aí passaram a viver, indo apenas a casa para fazer as necessidades mais básicas…
- E porquê, perguntam vocês?
- Porque foi a maneira que encontraram para protestar!...
- E protestar o quê, perguntam vocês?
Protestar da falta de educação dos seus dois filhos! Então não é que eles – ela de 12 anos, e ele de 17 – pura e simplesmente não obedecem aos seus progenitores. Não ajudam nas lides domésticas, não fazem trabalhos básicos, não estudam, servindo-se do seu lar apenas para comer, dormir e divertir. Agora estão completamente “enrascados”, por não terem quem lhes trate da roupa, faça a cama, prepare as refeições, ou lave a loiça e ponha a mesa.»
Armaram uma tenda no quintal e aí passaram a viver, indo apenas a casa para fazer as necessidades mais básicas…
- E porquê, perguntam vocês?
- Porque foi a maneira que encontraram para protestar!...
- E protestar o quê, perguntam vocês?
Protestar da falta de educação dos seus dois filhos! Então não é que eles – ela de 12 anos, e ele de 17 – pura e simplesmente não obedecem aos seus progenitores. Não ajudam nas lides domésticas, não fazem trabalhos básicos, não estudam, servindo-se do seu lar apenas para comer, dormir e divertir. Agora estão completamente “enrascados”, por não terem quem lhes trate da roupa, faça a cama, prepare as refeições, ou lave a loiça e ponha a mesa.»
Será que estes filhos estão a pensar em pôr os pais de castigo?
João José Cabral Viveiro - Presidente da Associação de Pais e Enc. de Educ. da Escola Secundária de Seia
João José Cabral Viveiro - Presidente da Associação de Pais e Enc. de Educ. da Escola Secundária de Seia
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