terça-feira, junho 06, 2006

PORTUGAL DOS PEQUENITOS

A Moralização (Avaliação) da Sociedade Portuguesa

O Ministério da Educação tem razão quando diz que os professores devem ser avaliados.

Os professores devem ser avaliados à semelhança de todos os funcionários: militares, engenheiros, enfermeiros, médicos, juízes, agentes de segurança, administradores de empresas, jornalistas, operários, árbitros etc.

A Sociedade não poderá nunca evoluir de forma sustentada se não conseguir os necessários mecanismos de avaliação dos seus actores, que somos todos nós e de promoção dos seus melhores valores.

Na sociedade portuguesa e, nesta matéria, verificam-se diferentes graus de responsabilidade dos seus actores, nos diversos sectores da vida portuguesa. Por exemplo: a má situação em que se encontra a Economia é, fundamentalmente, devida ao mau desempenho dos seus responsáveis de alto nível e, dificilmente, ao mau desempenho dos operários portugueses que lá fora são fantásticos trabalhadores.

Assim, no plano político, é muito mais importante e urgente pensarmos em processos de avaliação dos gestores das grandes empresas, sobretudo dos gestores públicos nomeados pelo Estado, do que pensarmos na avaliação dos operários, que é um problema que diz mais directamente respeito a sindicatos e patrões.

Para quando a avaliação rigorosa dos gestores públicos das grandes empresas públicas, responsáveis por muitas situações catastróficas da Economia?

Para quando a avaliação e a inerente responsabilização dos responsáveis pelas sistemáticas derrapagens económicas das grandes obras públicas: Centro Cultural de Belém, EXPO98, Casa da Música, Ponte Vasco da Gama e Estradas de Portugal, entre outras? E da antiga TAP? E da actual CP que vários milhões de investimento depois, demoramos ainda mais temo numa viagem Porto/Lisboa?

E das sistemáticas e planeadas fugas ao fisco com a inerente prescrição de todos os prazos estabelecidos, sem pudor e sem decoro?

E as verbas atribuídas à Formação Profissional, em que resultaram? Que retorno? Quantos milhões se gastaram em algo que não parecer ter tido um retorno mínimo do investimento feito?

E as incomensuráveis verbas atribuídas e logo devoradas pelos grandes agricultores portugueses através da sua estrutura CAP? Quantos milhões de subsídios agrícolas para a destruição deste importante e fundamental sector da Economia que praticamente desapareceu do espectro económico português? Onde está o retorno deste monstruoso investimento feito pelo país e, sobretudo, pela Europa? Nos Jeeps e carros de alta cilindrada? No iates fundeados nas marinas?

Passamos agora à indústria e à fórmula viciante da subsídio-dependência em que se tornou a nossa actividade industrial.

Desde os têxteis à indústria do calçado, foi um verdadeiro escândalo de consequências perversas para trabalhadores e operários que são sempre quem mais sofre. A indústria têxtil foi um sorvedouro dos elevados subsídios à modernização que nunca aconteceu, tendo as unidades persistido na inviável continuidade tecnológica do tempo dos avós, (que nunca chegaram a ter dimensão empresarial) que rapidamente se tornou obsoleta e não competitiva, tendo encerrado pouco tempo depois de terem sido fechadas as torneiras dos subsídios. Onde está o retorno deste monstruoso investimento do Estado na recuperação das empresas?

Já na indústria do calçado que foi feito aos grandes investimentos dos subsídios e dos lucros que parecem ter ido direitinhos para a aquisição de Ferraris e de outras potentes máquinas que faziam as delícias dos filhos dos patrões desta actividade económica, para as bandas de Felgueiras, com as consequências que todos sabemos: falências e encerramento das unidade que, por desinvestimento técnico e tecnológico, se tornaram obsoletas, deixando de ser competitivas!...

E a modernização do comércio? Onde estão os resultados deste programa que tinha por objectivo reclassificar o comércio tradicional, visando valorizá-lo relativamente à dinâmica das grandes superfícies? Um autêntico fracasso!...

E tanta coisa haveria ainda a referir…

É urgente esclarecer os portugueses destes “fenómenos” de desonestidade que se foram revelando impunemente ao longo dos anos de aprendizagem da democracia. Como já tivemos já tempo de aprender, é imperioso desmascarar e julgar estes autênticos criminosos; esses sim, os verdadeiros responsáveis pelo descalabro da nossa, já frágil, Economia e, portanto, sem capacidade para aguentar no “casco” estes rombos de autênticos icebergues dos quais apenas nos apercebemos da parte visível.