segunda-feira, maio 29, 2006

PORTUGAL DOS PEQUENITOS

Populismos

Que se usem estatísticas positivas para o jogo político é compreensível, mas não justificável, principalmente da forma tão grotesca como agora. É desonesto política e intelectualmente. Mas o problema não é só de ética, moral, coerência ou honestidade intelectual. A grande questão é que esse tipo de manipulação dos factos não contribui para o avanço da democracia no País e, muito menos, para uma melhor compreensão dos inúmeros problemas económicos que temos que enfrentar.

O populismo tem, além disso, uma natureza perversamente moderada: não termina sendo plenamente ditatorial nem totalitário; por isso alimenta sem cessar a enganosa ilusão de um futuro melhor, mascara os desastres que provoca, posterga o exame objectivo de seus actos, amansa a crítica, adultera a verdade, adormece, corrompe e degrada o espírito público. Desde os gregos até ao nosso século, passando pelo aterrador século passado, a lição é clara: o efeito inevitável da demagogia é subverter a democracia.