segunda-feira, maio 29, 2006

PORTUGAL DOS PEQUENITOS



O deslumbramento do Poder

O espírito de competição é inerente à natureza humana.

Em todos os sectores da vida económica e social, inclusivamente nos mais austeros, existe, ainda que velado, o carácter competitivo do ser humano, com as mais diversas motivações. No entanto os motivos são, na generalidade a busca de algum tipo de bem-estar, de promoção pessoal, ou de auto-afirmação profissional.

O Poder mostra-se extremamente condenável quando se apoia em atitudes suspeitas, mais comuns do que se pensa, como utilizar ardis escusos: depreciar o possível "adversário", tecer críticas destrutivas, naquele estilo rasteiro que o povo chama de "puxar o tapete". A intenção, obviamente, busca tirar o outro do caminho, ou até tirar o caminho do outro, ou seja, o cargo que ele ocupa. Com isso, mina-se o conceito sobre a competência de determinada pessoa na relação com os superiores, logicamente prejudicando-a no trabalho.

No centro de atitudes assim, quase sempre circula o desprezível sentimento de inveja – o sucesso do outro incomoda.

Um outro factor de interferência na convivência salutar, ligada ao ambiente de trabalho, diz respeito ao deslumbramento com o poder. São poucos os que, ascendendo a posição hierarquicamente superior, conseguem manter-se simples e humildes, como quando em situação menos privilegiada.

O Poder, nas mãos dos incautos, pode criar atitudes de autoritarismo sobre os pares, como se tal poder fosse permanente. Deve-se levar em conta, primordialmente, que autoridade independente de comportamento arrogante, mas advém de competência, de credibilidade, de procedimento respeitoso com o outro, mesmo em se tratando de subordinado.

Na sociedade em geral, não se mostra diferente a situação da convivência: em muitos casos há os que desejam prejudicar outras pessoas, há os que bajulam sempre, há os que se julgam Deus, no deslumbramento com o poder. Esquecem-se, seres assim, que a vida se caracteriza pelo dinamismo constante: o que hoje é, amanhã poderá não ser, voltando tudo ao seu antigo lugar.

O Poder também corrompe, mas antes de corromper, deslumbra. Como que põe o mundo inteiro ao alcance de quem o conquista, o mundo com todas as seduções do reino das mil e uma noites, magia pura.

Para alguns seres, poder é o magnetismo mais potente da Terra e quem dele se investe se transforma num íman fabuloso, puxando para si tudo o que se inclui em seu amplo raio de acção.

O Poder atrai para si o dinheiro, o conforto, as mordomias, os prazeres e dele já se disse ser o maior afrodisíaco existente. Atrai também as habilidades, as competências, os talentos e corrompe alguns deles, como certos filósofos e intelectuais transformados em seus autómatos. Atrai ainda as consciências e reduz homens e mulheres à condição de súbditos os mais servis.