sábado, dezembro 17, 2005

Breves da Semana

Manuel Alegre I – Por duas vezes, (duas) o Alegre Poeta saía rapidamente do hemiciclo no momento da votação, para evitar participar na votação do Orçamento de Estado. Considero este gesto do poeta deputado uma atitude inqualificável que pode revelar o carácter ambíguo de alguém que nunca poderia ser o meu candidato à Presidência da República. O seu dever era assumir o posicionamento e a sua intenção de voto relativamente ao (OE), perante os seus pares e, sobretudo, perante o partido a quem deve o lugar que ocupa no Parlamento.

Manuel Alegre II – Enquanto as sondagens lhe foram favoráveis, o poeta, estranhamente, nunca colocou em causa nem as fontes nem os métodos e, muito menos, os resultados. Agora que as sondagens não transmitem aquilo que ele gostaria que transmitissem, tudo passa a estar em causa, tendo referido: "Temo que haja aqui [nas sondagens] alguns equívocos que possam ter influência no processo eleitoral", mas, se assim for, isso "levar-me-á, a mim e a quem me apoia, a uma reacção política e a uma reacção por todos os meios legais ao nosso alcance". Aludindo de novo a estudos de opinião publicados e a publicar afirma: "Não me admiro que haja muita manipulação e até jogo sujo". Para completar a minha decepção ainda referiria: "Não me vão fazer desistir, com manobras de sondagens falsificadas - eu também tenho sondagens, eu também tenho sinais". "Não há donos da República, dos partidos, dos votos, dos homens e mulheres livres de Portugal”. Ontem à noite anunciou ainda que vai processar a Eurosondagem, depois de a sua candidatura se ter manifestado preocupada com a "sintonia" entre o responsável desta empresa e o socialista Jorge Coelho.

Finalmente boas notícias da Europa – O primeiro-ministro avaliou como "muito bom" e "muito importante" para Portugal o acordo obtido hoje pelos líderes europeus sobre o quadro orçamental para 2007/2013. Para José Sócrates, o acordo agora obtido é "ainda melhor" do que a proposta que estava em cima da mesa em Junho passado, altura em que a presidência d a União Europeia pertencia ao Luxemburgo.

Miguel Sousa Tavares – Foi com tristeza que constatei a despedida de Miguel Sousa Tavares das páginas do jornal Público, onde, durante 14 anos, escreveu das melhores crónicas da imprensa portuguesa. Eu e muitos leitores do Público iremos sentir a falta das suas crónicas regularmente insertas naquele jornal. E agora? Agora ficaremos a aguardar outras crónicas do Miguel no Expresso.

“Honni soit qui mal y pense”- Ao constatar que, até à data, mais de trinta mil soldados americanos perderam ingloriamente a vida por uma causa, pelo menos discutível, o Presidente Bush admitiu, esta semana, que os argumentos para a guerra estavam errados - reconhecendo assim o que toda a gente já sabia -, no entanto insiste em que a decisão de invadir o Iraque permanece válida. A Administração Americana limita-se a informar os parceiros e aliados sobre as suas posições, mas não os ouve, não quer, nem sabe ouvi-los. E agora como deverão reagir os parceiros e apoiantes da primeira hora? Não será esta uma situação “democraticamente” insustentável para os incondicionais parceiros da coligação da Administração Bush?

Não há causa que valha a morte inglória de um único ser humano! Digo eu!...