quinta-feira, junho 16, 2005

Eugénio de Andrade – a sensibilidade dos afectos no amor com Alma!...

Que dizer do desaparecimento de Homens com a dimensão deste beirão poeta, a quem um dia chamaram José Fontinhas, mas que cedo se refugiou na personagem grande de Eugénio de Andrade?
Poeta de prestígio, era dos nossos raros escritores vivos com verdadeira projecção internacional, e o mais traduzido, (cerca de 20 línguas). A sua obra tem obtido elevado reconhecimento literário consubstanciado em prémios nacionais e internacionais atribuídos
Homem de grande desprendimento material, viveu sempre, deliberadamente distanciado, da vida social, ou mundana, rebelde, sempre avesso à comunicação social, deliberadamente arredado de encontros, colóquios ou congressos; as suas raras aparições em público aconteciam apenas em tertúlias de amigos mais íntimos com quem partilhava emoções e afectos. Desde sempre nos falou através da sua linguagem poética, sentida, e plena de emoção, de afectos e sensibilidade.
De Eugénio de Andrade permanecem em nós, os seus poemas de palavras roubados à morte, que dela o libertaram, perpetuando-lhe a sempre efémera vida. Poucos como ele conseguiram perpetuar o efémero só percepcionado pelos sentidos de quem realmente os utiliza, sentindo… Ninguém melhor que ele, através da sua rara sensibilidade para consolidar esta estranha sensação de continuar connosco. Na intemporalidade de Eugénio deparamos com a simplicidade das suas palavras numa poesia tornada num sentir de afectos… Por tudo isto o José Fontinhas, que agora foi a sepultar, tinha falecido há muito; a ele sobreviveu o Eugénio que connosco permanecerá para sempre!...