sábado, julho 21, 2007

Regionalizar – ontem já era tarde…


O Ordenamento e a revitalização das aldeias de Montanha


As transformações socio-económicas e tecnológicas da civilização nas últimas décadas modificaram as necessidades e a estrutura organizativa da sociedade. Estas alterações vivenciais reflectiram-se na necessidade de reorganização regional, nomeadamente, ao nível da sobrevalorização dos grandes aglomerados em detrimento das pequenas localidades.

Os aglomerados rurais perderam a sua vitalidade social, através do êxodo da sua população residente para os centros urbanos económica e socialmente atractivos ou emigrando para o estrangeiro

As aldeias que sobreviviam baseadas nos rendimentos da actividade agrícola vêem esvaziada a sua razão de ser económica com a industrialização, (rentabilização) da agricultura das grandes áreas aráveis, (emparceladas) e a crescente importância do comércio e dos serviços que serão sempre incompreendidas por quem trabalhava a terra de forma harmoniosa e feliz, à semelhança dos seus antepassados, através de gerações que se perdem no tempo.

O ordenamento do território é assim, fundamentalmente, a gestão da interacção homem/espaço natural. Consistirá no planeamento das ocupações, no potenciar do aproveitamento das infra-estruturas existentes e no assegurar da preservação de recursos limitados. Ao conjunto das aldeias desertificadas da nossa região, restam as memórias dos ancestrais hábitos e da maneira de viver dos nossos antepassados, numa espécie de longínqua memória colectiva que se vai perdendo no tempo. Uma herança construída que fez parte da nossa cultura ancestral, mas que mesmo assim pode ainda fornecer dados fundamentais que podem explicar a metamorfose para o nosso actual modo de vida.

Um registo, uma memória antropológica, étnica e sociológica, uma justificação de nós próprios. Um património que importa preservar.

Portanto, numa eventual intervenção nestas pequenas localidades “perdidas” na nossa região importa o necessário planeamento que tem que ser pensado compreendendo a estrutura da tradicional ocupação humana, pela sua diversidade, pelas suas inter-relações e interacções, bem como ter em conta a complexidade das razões que justificam cada uma delas permitindo que os poucos habitantes que teimosa e orgulhosamente ficaram, nelas permaneçam acabando os seus dias com algum conforto e dignidade.

Porque será que os fundos atribuídos, durante estes anos todos, pela U.E. ao desenvolvimento regional em Portugal, (FEDER) nunca chegaram verdadeiramente a desenvolver as regiões a que fundamentalmente se destinavam?

A resposta é fácil: porque, além das regiões autónomas, nunca houve uma estrutura regional autónoma, com autoridade que exigisse peremptoriamente ao poder central aquilo a que sempre teve direito! Por isso, regionalizar é um imperativo. Ontem já era tarde…



1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Uma das principais razões para "regionalizar" o sistema administrativo e político, resulta da necessidade de eliminar o efeito "308 quintinhas" que compõem o território nacional. E essa é sem dúvida uma razão suficientemente forte para mudar. No entanto, não creio que uma mudança de sistema politico tenha algum efeito na inversão da tendência de aumento de urbanização (rurbanização) que caracteriza a nossa realidade territorial.

julho 24, 2007 10:11 da tarde  

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