quarta-feira, janeiro 11, 2006

O complexo Mundo da Comunicação Social

Corroboro da maioria das preocupações de isenção já feitas por muitos dos analistas políticos…. No entanto, o que me leva a escrever estas linhas é, especialmente, o impacto negativo que provavelmente vai ter nas pessoas as fotos, (deliberadamente pensadas?) que todos nós, incredulamente, vimos publicadas este fim-de-semana, no “isento” Jornal Expresso.

Nada tenho contra a linha editorial do Jornal Expresso, era o que mais faltava!... Mas por mais demonstração estatística de equilibrados tempos de antena de campanha que os órgãos de informação do Grupo Empresa nos quer passar, esta matéria deverá antes ser analisada, à luz da qualidade dessa mesma informação em detrimento da quantidade de tempo de antena que cabe em sorte aos diferentes candidatos.

Uma coisa é emitir as entradas triunfais, preparadas ao milímetro, de um dos candidatos, (gerir - e até omitir - os seus silêncios e percalços) outra coisa é dar, continuamente, ênfase aos lapsos e desaires dos outros candidatos, nomeadamente do Dr. Soares. Portanto, tenho a nítida percepção que não é a maneira como se cobre a campanha, mas antes a forma como se prepara, selecciona e trata a informação e, ainda, como se emite o produto desse trabalho.

O Grupo Empresa está, de facto, a revelar-se o paradigma desta arte de bem vender o produto que pretende. O produto Cavaco Silva denota uma preparação calculista, longa e cuidada ao pormenor estando a conseguir passar facilmente a imagem preparada e cuidadamente caracterizada do candidato da direita, dando toda a legitimidade aquela frase piramidal de Rangel quando trabalhava na SIC que dizia: "a SIC tanto podia vender sabonetes como Presidentes da República".

Apesar de não servir como desculpa para os maus resultados, no fundo todos sentimos que o Dr. Soares tem algumas razões em sentir essa diferença de tratamento…

Nota: mais uma vez o exemplo nos advém dos Estados Unidos da América. Em vez de uma isenção cínica e hipócrita que alguns órgãos de comunicação social portugueses insistem em fazer passar, melhor seria que, à semelhança dos grandes órgãos de comunicação social americanos que nestes momentos assumem deliberadamente uma linha editorial na defesa de um dos candidatos às eleições, tomando explicitamente posição política!...