domingo, julho 05, 2009

Atirar com a toalha ao chão
II
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Como todos inferimos através da dura realidade do dia-a-dia, mas, sobretudo, através da informação que nos chega de forma célere e alarmante, veiculada através dos órgãos de comunicação social, que não falaram noutra coisa nos dois últimos anos, a génese da actual crise económica e financeira é uma consequência directa da influência das doutrinas de Milton Friedman e da subsequente redução das funções do Estado frente ao domínio do mercado livre. Assim sendo esta grave crise nasce da incapacidade dos mercados se auto regularem, quando eles próprios rolam em roda-livre perdendo facilmente os travões da honestidade e bom senso.

É sabido que Keynes defendia que o Estado deveria interferir na Sociedade, na Economia e em qualquer área que isso o justificasse. Foi, aliás, este modelo do Estado intervencionista (Keynesiano) que os Estados adoptaram quando essa intervenção justificou, exclusivamente, este modelo económico para “salvar” o mundo financeiro do colapso, na altura, eminente; mas modelo de salvamento parou aí, pois os neo- liberais não permitiram que o mesmo fosse aplicado à recuperação económica. Por outro lado, a grande clientela, de alguma Direita, apesar do desastre por todos conhecido, pela maior recessão mundial nos últimos 80 anos, continua convertida doutrinas neo-liberais e não pretende abdicar do modelo que alimenta as maiores expectativas que um dia a especulação financeira lhe possa abrir a sua janela de oportunidade.

Para fazer face a esta grave crise, que teima em deixar-nos, a intervenção do Estado, através do incremento do investimento público – com reflexo nas grandes obras estruturais - de que o País está carenciado, parecia a proposta governamental que mais se adequava ao arranque dos motores que haveriam de dinamizar a nossa Economia, promovendo o emprego, dinamizando as grandes empresas que criariam condições às pequenas e médias empresas, não só pela empregabilidade dos quadros e trabalhadores, que deixariam de depender de subsídios de desemprego, mas também eles, mais confiantes iriam fazer mover a roda da economia que animada deste movimento só poderia incrementar gradualmente a sua velocidade de desenvolvimento.

Como já se viu as PME’s vivem, subsidiariamente, de empresas maiores. Estas são a parte fundamental dos seus objectivos estratégicos. Como as grandes empresas a deslocalizarem-se, a sobrevivência das PME’s é mais do que problemática, mas, estranhamente, com esta Oposição não ser!... Esta Oposição de Direita, com o seu inefável sentido de oportunismo bacoco e retrógrado, “de velhos de Restelo”, vem imediatamente papaguear os efeitos apocalípticos das grandes obras públicas na dívida externa, alertando-nos com a sua extensão até às gerações futuras... Perante esta afronta, e consequente pressão, o Governo fragilizado pelas eleições Europeias vacilou, para não dizer claudicou, do seu Plano de desenvolvimento. Um Plano que lhe era tão caro e pelo qual lutou com garra este ciclo governativo. São estas hesitações que em tempos de crise podem ser fatais para a confiança dos investidores.

Manuela Ferreira Leite propõe, entretanto, que a existir um eventual apoio às empresas esse seja dirigido às PME’s que, no entender da vetusta senhora, poderão gerar ou manter 2 milhões de postos de trabalho, o que daria para rir se a situação na fosse tão grave um vez que a Sra. nem se dá ao trabalho de nos explicar como irá acontecer este passe de mágica; entretanto curvar-me-ei perante a relevância destes 2 milhões de empregos e farei a minha vénia à vetusta senhora no dia em que isso for provado.

Entretanto o PS, através de Sócrates, depois de abandonar a sua bandeira dos grandes investimentos públicos aparece, no fórum “Novas Fronteiras”, a tirar o coelho da cartola, ou seja: a internacionalização das PME’s como se, num mercado em recessão, (as exportações caíram assustadoramente) dum mundo em crise, a internacionalização do mercado fosse um assunto fácil de conquistar para as ditas PME’s.

A direita conseguiu o impensável; conseguiu que o PS abdicasse do seu projecto inicial, pensado e planeado ao longo deste ciclo político e que tinha tudo para ser bem sucedido para ajudar este país a sair da crise e, a sair dela, com grandes expectativas de sucesso, sobretudo, no que concerne a promover nos portugueses alguns índices de conforto e qualidade de vida.

Mas não! Esta Oposição, vazia e neo-liberal conseguiu ela própria ter capacidade de argumentação para “esvaziar” o programa de estímulos do Governo para resolver a crise que tinha tudo para dar certo.

Agora não parece haver alternativa ao vazio criado pela desistência, das grandes obras públicas e com elas a estratégia socialista sucumbiu também. Não há internacionalização que possa ressuscitar a Economia e um plano gizado à última hora jamais lhe pode trazer a vida de volta.

Ainda que fosse possível jamais haveria tempo para concretizar sequer a ideia. A verdadeira derrota foi mesmo atirar a toalha ao chão!

1 Comments:

Blogger Antonio Fernandes Pina said...

É bom lembrar que o País de 2005 a 2009 melhorou a olhos vistos.
É bom lembrar que Portugal teve nos últimos dois anos as maiores crises Mundiais de sempre nos cereais, no petróleo, no sistema financeiro e por último a gripe A. E não sei o que mais nos poderá acontecer até ao fim da legislatura.
É bom lembrar que apesar de todos estes enormes contratempos o Governo foi capaz e corajoso, sendo dos primeiros a proteger uns e outros porque conseguiu até esse momento pôr as contas públicas em ordem.
É bom lembrar que fomos capazes de fazer reformas importantes na Segurança Social, nas Energias Renováveis, mais e melhores escolas, hospitais e outros equipamentos Sociais, os jovens são hoje possuidores de mais e melhor conhecimento reconhecidos internacionalmente sem medo e sem complexos de enfrentarem este Mundo Global.
É bom lembrar que a crise existe mas alguns nem de aperceberam dela. É sinal de algo de bom foi feito para atenuar as dificuldades, que nos foram criadas por outros.
É bom lembrar que até ao momento não vendemos as reservas de ouro, não maquilámos o déficit com vendas verdadeiramente desastrosas e ruínosas, práticas de um País do terceiro Mundo como foi a antiga Ministra das Finanças Manuela Ferreira Leite que só lhe faltou vender o que não tinha. Esta Senhora Doutora deve ainda hoje uma explicação ao País. Às vezes lamento que alguns Portugueses não se recordem do mal que nos fez.
É bom lembrar que não foram precisas cargas políciais para que as Leis fossem cumpridas. Na greve dos camionistas enquanto a oposição pedia uma carga policial o Governo foi capaz de manter a serenidade e confiança nas pessoas que reapeitou porfundamente.
É bom lembrar que Portugal tem hoje uma Democracia mais madura e mais consistente graças à liberdade que nos foi dada.
É bom lembrar que seja ele o Governo A ou B o TGV e o AEROPORTO são irreversíveis.
Estou confiante que o PARTIDO SOCIALISTA vencerá e que estes investimentos serão uma realidade.

Com os melhores cumprimentos.

Assina: António Fernandes Pina.

julho 05, 2009 11:43 da tarde  

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