segunda-feira, dezembro 10, 2007


U.E./U.A.

A crónica de uma Cimeira bem sucedida de (duvidoso) êxito anunciado

Estará ultrapassado o pacto colonialista do passado?

Mas que azar… A Cimeira de Lisboa foi, seguramente, mais um contratempo para os habituais profetas da desgraça!

Temos que acreditar que haverá sempre homens capazes de vencer o pessimismo dos cépticos e o habitual teor negativo dos oportunistas, enfrentando ditadores, desafiando os racistas e os corruptos, eles próprios causadores de tanta miséria insana que comanda hoje o mundo e cujas vítimas são sempre o lado mais fraco e quem mais sofre.

Ao fim de dois dias de reunião entre mais de 80 Chefes de Estado e de Governo dos dois continentes, o Primeiro-ministro Sócrates, Presidente da EU em exercício, manifestava a convicção de que nada seria como antes nas relações entre europeus e africanos. Parabéns José Sócrates!

Apesar das incertezas que fervilhavam sob a pressão da “panela” do Zimbabué e do Darfur, as expectativas, relativamente à Cimeira de Lisboa eram elevadas. No entanto, Sócrates, saberia “deitar água na fervura” e conseguir, diplomaticamente, que os temas controversos, nomeadamente sobre os direitos do homem, entrassem na agenda, sem cortar as vias de diálogo com os países visados e seus aliados africanos.

O maior êxito desta cimeira teria sido conseguir que os dois continentes dialogassem "olhos nos olhos" sem assuntos tabu. E, de facto, não existe outro caminho entre os povos sejam eles da UE e de África, sejam eles de outros continentes.

Nesta Cimeira iria ter lugar o diálogo permanente, com objectivos concretos e comuns: direitos humanos, desenvolvimento económico com uma justa política de trocas comerciais e uma relação bilateral sem complexos. Esta estratégia obrigou a ultrapassar definitivamente os velhos preconceitos por todos conhecidos, entre colonizados e colonizadores. Ufa, já não era sem tempo!..

Por isso, neste contexto, e na conjuntura actual, sinto que fleuma britânica da velha Albion teve a habitual postura empertigada, inflexível e pretensiosa, como que a querer dar lições de princípios, aos restantes, mas esquecendo-se de uma parte marcante do seu passado, o que a obrigaria a uma atitude bem mais humilde como país colonizador por excelência.

Independentemente deste incidente, (irrelevante) para a amplitude de tudo aquilo que estava em jogo, o momento foi de virar a página e progredir no caminho de diálogo que agora se inicia, porque os povos destes "dois mundos", assim o desejam, ou melhor, assim o exigem.

Para Sócrates, Presidente da EU em exercício, a Cimeira foi um encontro entre iguais e é para já uma aproximação entre dois continentes. No futuro poderá contribuir para melhorar as relações politicas, económicas e comerciais. Ficando também a convicção de que se verificaram resultados positivos ao nível do respeito pelos direitos humanos.

Já para os líderes africanos foi uma cimeira histórica onde foram dados passos importantes para a cooperação entre os dois continentes. O Presidente da Comissão da União Africana diz que por fim está ultrapassado o pacto colonialista do passado.

Tanto o continente africano como a velha Europa precisavam desta ponte aberta agora e outras aproximações que despertem consciências num futuro bem curto. Portugal e os portugueses devem orgulhar-se desta realização que veio proporcionar uma nova oportunidade de entendimento entre os povos.

Fiquei com a convicção de que foram dadas as primeiras fumaças no cachimbo da Paz… Acreditar é preciso e sonhar também…