terça-feira, novembro 27, 2007

A violação da lei por parte daqueles que deveriam pugnar pelo seu cumprimento

Fomos muito amigos e muito próximos também, mas a vida fez com eu na altura fosse estudar para Coimbra, tendo tu ido um ou dois anos mais tarde para Lisboa. Por isso, muitas vezes, passam-se anos que não nos vemos, no entanto sabemos ambos da nossa existência, só que desta vez é impossível ficar indiferente às notícias que me chegam do teu desempenho como Inspector-geral, da Administração Interna, sobretudo no que concerne à tua entrevista ao Expresso.

Meu “primaço”, corroboro completamente da tua perspectiva relativamente a alguma GNR militarizada, ou não vivesse eu em Seia e não tivesse eu, bem como muitos dos cidadãos senenses, conhecimento de muitas “cow-boyadas” que têm tido lugar na nossa santa terrinha. E mais não digo!

Lembravas tu que, "nos últimos dois anos, na GNR se registaram sete dos 10 mortos em perseguições", e atribuiste essa "patologia" ao "padrão militarizado de actuação" da Guarda, fruto do facto de os jovens oficiais, formados na Academia Militar, "olharem para o cidadão como o inimigo".

Pois, meu querido Tó Lima, por aqui também tem havido algumas situações constrangedoras, ainda que sem consequências físicas para os cidadãos; mas já ocorreram prejuízos materiais de automóveis desfeitos, (suportadas por todos nós) devido a perseguições. Mas não seria por isso que “o gato ia às filhós”. O que é mais grave, é a imagem pública e os prejuízos morais provocados pela GNR em cidadãos honestos, em pleno exercício das suas funções profissionais, decorrentes dessas “cow-boyadas” que referiste, por simples questões de estacionamento, pois que, como tu dizias: "o cumprimento da missão a qualquer preço pode agravar o sentimento de insegurança dos cidadãos”. E nesta matéria nem imaginas o que eu tenho para te contar…

Referias ainda que: "problemas mais graves temos na área da intervenção da GNR, são as perseguições policiais iniciadas por motivos que me parecem inadequados, como, por exemplo, por passar um sinal vermelho ou desobedecer a uma ordem de paragem numa operação 'stop'. Mais à frente sublinhavas: "há por aí muita 'cowboyada' de filme na mentalidade de alguns polícias".

Não poderia estar mais de acordo contigo “primaço”, pois esta gente, em pleno desvario quase irracional pode provocar situações irremediavelmente graves. De facto há muita intolerância e incompetência na relação das polícias com o cidadão.

Aliás o próprio presidente da Associação de Profissionais da Guarda, José Manageiro, acaba por ser o dirigente mais concordante com as tuas declarações. Para este dirigente, a GNR está hoje "pior do que há alguns anos", nomeadamente no "acentuar da vertente militar", que a "descaracteriza enquanto força de segurança".

Estou convicto que no nosso próximo encontro, lá para o Natal, vamos sentir o aperto de um abraço comum e “pôr a escrita em dia” com alguns casos paradigmáticos que por aqui se passam e que, pela sua peculiaridade, vão alimentar-nos mais “dois dedos de conversa”.


1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Um forte abraço, saudoso e grato, do teu primo
tó lima

dezembro 03, 2007 10:33 da tarde  

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