quinta-feira, janeiro 18, 2007


Recordando Natália Correia num poema muito actual


«O acto sexual é para ter filhos» – dizia na Assembleia da República, no dia 3 de Abril de 1982, o então deputado do CDS, João Morgado, num debate sobre a legalização do aborto.


A resposta de Natália Correia, em poema não se fez esperar - publicado depois pelo Diário de Lisboa em 5 de Abril desse ano - fez rir todas as bancadas parlamentares, sem excepção, tendo os trabalhos parlamentares sido interrompidos por isso:

Já que o coito – diz Morgado –

tem como fim cristalino,

preciso e imaculado

fazer menina ou menino;

e cada vez que o varão

sexual petisco manduca,

temos na procriação

prova de que houve truca-truca.

Sendo pai só de um rebento,

lógica é a conclusão

de que o viril instrumento

só usou – parca ração! –

uma vez. E se a função
faz o órgão - diz o ditado –

consumada essa excepção,

ficou capado o Morgado.