A solução do problema da co-incineração Tuga está nas Berlengas
Sempre tive as minhas reservas sobre um certo fundamentalismo ambientalista, como também tenho uma certa desconfiança daqueles que, por conveniência, passam a sê-lo, comportando-se como pseudo-ambientalistas, apenas, por protagonismo e visibilidade mediática.
Recordo-me que a Quercus foi, obstinadamente, (manifestando-se ruidosamente) contra a co-incineração proposta no programa do governo PS, quando José Sócrates era o ministro do Ambiente! Não é que com Luís Nobre Guedes, na pasta do Ambiente, este Grupo ambientalista passou a ser favorável à co-incineração acabando com o ruído?... Vá lá uma pessoa tentar compreender esta gente!...
Que se teria passado entretanto para que a Quercus passasse a apoiar as iniciativas do Ministro Nobre Guedes nos tratamentos dos lixos? Será que a co-incineração do novo ministro do PP incinerava de forma diferente?
Há muitos relatórios, que tentam comprovar o quanto esta ideia de co-incineração pode ser, até, estúpida, principalmente quando o mundo luta contra a emissão de poluentes na atmosfera. Agora vem a pergunta!... Que solução e o que fazer com estes resíduos industriais perigosos (RIP) que continuam a contaminar-nos diariamente?
Embora neste país seja tanta coisa feita em torno de favores e interesses inconfessáveis, sinceramente, acho que ainda podemos confiar na comunidade científica. A única resposta possível advém do trabalho independente e responsável de quem sabe destas coisas melhor que ninguém! Por isso, até hoje, o único relatório credível foi feito por cientistas de reconhecida competência, que integravam a Comissão Científica Independente, (CCI) e que recomendava o processo de co-incineração nos fornos das cimenteiras, sendo ainda de opinião de que este processo não implicaria um acréscimo de emissões nocivas para a saúde, quando comparado com a utilização de combustíveis tradicionais, por ter menores impactos ambientais.
Contrariamente ao processo de incineração dedicada proposta pelo anterior governo, a co-incineração poderia promover uma maior recuperação energética e contribuir para um decréscimo do efeito de estufa, sem aumentar o impacto ambiental, relativamente ao que se passa já com a produção de cimento, desde que respeitasse os limites fixados, à qual devem ser adicionadas razões económicas mais favoráveis ainda em termos de investimentos e de custos de operação, por se revelar como uma solução mais flexível para a gestão dos (RIP), permitindo ainda registar com maior rigor, observando de perto a evolução tecnológica e ambiental de todo o processo.
Soubemos que há doenças que moram em Souselas, com uma prevalência muito superior à registada em toda a região Centro. Um estudo agora apresentado prova isso mesmo, referindo que prevalece a bronquite crónica, as doenças tumorais, as doenças endócrinas, cardíacas e diabetes, tudo por comparação com os resultados apurados para a região Centro. Se antes se desconfiava que a população de Souselas corria mais risco, o recente estudo dissipou as dúvidas e trouxe certeza…
Certeza de quê? Que a indústria cimenteira tem os seus custos para a saúde da população e dos trabalhadores? Só agora conseguiram descobrir isso por causa da co-incineração? Que pertinácia!....
Como não se pode acabar com a indústria cimenteira, (é impensável promover o desenvolvimento e bem estar sem cimento) a única solução seria então deslocalizar a unidade cimenteira para outro local e com a crise que grassa por aí na indústria tradicional deverá haver por aí muitas localidades a desejá-la, portanto não seria difícil…. Só assim se poderia acabar de vez com o monstro que provoca todos os males, ficando a população de Souselas sem motivos para se manifestar. De qualquer forma, se isso acontecesse, os souselenses sempre poderiam manifestar-se depois pela falta de emprego!...
Ora se a cimenteira de Souselas é dada como o exemplo da cimenteira europeia com as maiores emissões atmosféricas dos perigosos metais pesados cádmio e crómio, e a segunda maior emissora europeia de níquel, mais pertinente se torna fazer intervenções técnicas melhorando as tecnologias de queima com a aplicação de novos filtros de mangas. Ou será que a solução do problema é evitando a co-incineração com a manipulação política das consciências das populações?
Segundo os autarcas, (que duvido sejam respeitáveis, quanto mais cientistas) de Setúbal e Coimbra, a co-incineração é uma decisão que vai contra os interesses da população e que é prejudicial ao desenvolvimento económico das respectivas regiões. Não serão estes resíduos consequência do desenvolvimento económico que os senhores autarcas tanto advogam?
Pela evolução que as coisas estão a levar, sinto que apenas nas Berlengas a solução será pacífica dado as gaivotas e os mergulhões de crista não possuírem, (por enquanto) grande capacidade reivindicativa, nem se manifestarem ruidosamente por recearem apanhar a gripe das aves…
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