Zeca Afonso, o exemplo do lutador inconformado
Fez hoje, dia 23 de Fevereiro, 19 anos que morreu José Afonso, uma das figuras mais míticas da luta contra o fascismo.
Nasceu em 2 de Agosto de 1929,
O Zeca Afonso foi uma das figuras mais marcantes da canção de intervenção
Compositor de mão cheia, soube conciliar a música popular portuguesa e os temas tradicionais com a palavra de protesto. Zeca Afonso caminhou, sem vacilar, um percurso de coerência. Recusou sempre o caminho mais fácil, da acomodação, no combate ao fascismo, na denúncia dos oportunistas, dos "Vampiros" que destroçaram Abril, no canto da cidade sem muros nem ameias, o socialismo, da "Utopia".
Cantou a liberdade num país onde a mordaça da censura calava vozes de contestação ao regime. Como outros, foi perseguido pelos vampiros do sistema, ao assumir-se declaradamente como antifascista.
A infância repartiu-se entre Aveiro, Angola, Moçambique e Coimbra, devido às sucessivas deslocações profissionais do pai.
Em 1958 gravou o seu primeiro disco «Baladas de Coimbra». Em simultâneo acompanhava o movimento que apoiava Humberto Delgado à Presidência.
Em 1964, deslocou-se para Moçambique, onde deu aulas de História no Liceu da Beira. Foi observador atento e sensível à realidade de então, que contou, cantando: “Bairro Negro” e “Lá no Xepangara”, são exemplos que traduzem bem a sua lucidez e coragem de afrontar a ditadura, afirmando o seu anticolonialismo.
Regressado a Portugal tornou-se um dos símbolos da resistência ao regime, imparável na construção de um repertório de música de intervenção, alimentando assim, a crescente onda de insatisfeitos que o ouviam na clandestinidade e o cantavam em reuniões privadas.
A sua canção “Grândola Vila Morena”, tornou-se um dos símbolos da Revolução de Abril, onde as expressões, Terra da fraternidade – Em cada rosto igualdade – O povo é quem mais ordena, surgiam como palavras de ordem e mensagens de esperança.
Tenho orgulho em ter assistido em 1983, no seu último concerto no Coliseu de Lisboa. Neste concerto, o “Zeca”, dizia o adeus a todos aqueles que lhe reconheciam a arte, a coragem, a dignidade, a grandeza... Viria a morrer em Setúbal, quatro anos mais tarde em 1987.
Apesar de nos ter deixado fisicamente, o Zeca continua presente em muitos de nós e imortalizado pela História contemporânea de Portugal. Além do respeito pela sua memória agradecemos-lhe o seu percurso e o verdadeiro exemplo do lutador inconformado pela causa da Liberdade e da Democracia.
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