quinta-feira, junho 11, 2009

O 10 de Junho e a ingratidão

(A homenagem ao último herói português do século XX)

Cavaco Silva, Presidente da República Portuguesa, homenageava ontem, 10 de Junho, Dia de Portugal e de Camões, em Santarém, o último dos heróis nacionais, o inesquecível e incontornável Capitão Salgueiro Maia numa tentativa de corrigir aquilo que várias personalidades da política e da sociedade consideram um irreparável erro histórico. E digo isto porque sem a sua heróica intervenção Cavaco nunca teria sido Primeiro Ministro e muito menos Presidente da República.
Este homem que "nunca se enganava e raramente tinha dúvidas", tenta agora emendar a mão, não deixando de aproveitar a oportunidade das celebrações, para tarde demais o homenagear. Esta atitude hipócrita não repara tamanho erro e muito menos repara a ingratidão. Com isto, recordo a todos que Cavaco Silva Primeiro Ministro, recusava há cerca de 20 anos uma pensão vitalícia ao capitão de Abril, «por serviços excepcionais e relevantes», a um dos nossos maiores do século XX, pois foi também há 20 anos que o, então chefe do governo, Cavaco Silva, não teve pejo em conceder a pensão, (que recusara a Salgueiro Maia) a dois vermes execráveis, ex-inspectores da extinta PIDE/DGS.
Como é tradicional entre os nossos maiores, o herói Salgueiro Maia acabou os dias rodeado dos seus verdadeiros amigos e familiares, completamente ignorado por aqueles que nesta democracia tudo ficaram a dever ao jovem militar que, em Abril de 1974, destemidamente, e animado pela sua convicção inabalável, marchou para Lisboa em nome dos ideais da Democracia, varrendo, os restos mortais do decrépito Estado Novo com firmeza e determinação, mas também com a maior dignidade e humanismo para
com os vencidos, facto que, ainda hoje, tanto me orgulha e emociona.