As condecorações do Sr. Presidente
A amplitude das condecorações concedidas pela presidência, sobretudo a Souto Moura, Procurador-Geral da República, durante seis longos anos, de um mandato para esquecer, deveria despertar em todos nós alguma desconfiança oitocentista quanto à qualificação honorífica que tal prodigalidade instititui e nos faz lembrar uma frase muito badalada durante a monarquia liberal:
"Foge, cão, que te fazem barão! Mas para onde, se me fazem visconde?"
Se é o mérito excepcional que deve ser reconhecido por uma condecoração, então estes reconhecimentos não podem ser vistos, a não ser sobre a óptica de um benemerência sem sentido, numa tentativa de distribuir uma, (no mínimo) discutível benesse a quem deveria “por destacados serviços prestados ao País no exercício das funções” em órgãos de soberania e na Administração Pública e que afinal, seguramente, o não fez.
A lista de condecorados incluiu também outra tropa, ávida de condecorações, que premeiem a inutilidade como uma grande façanha a fazer lembrar as antigas cruzadas, agora, pelo ócio. Assim receberam medalhinha o antigo Chefe de Estado Maior-General das Forças Armadas e os ex-Chefes do Estado-Maior da Força Aérea e da Marinha, no máximo por terem sido bem pagos para cumprirem os seus cargos. Não é notável?
Só poderíamos concluir que é bom prover os amigos com uma simpática medalhinha dando curso à função estatal de indicar modelos de vida e cometimento ao bem comum. Topas?
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