terça-feira, junho 10, 2008

O euro sem emoção

Desta vez é à Suíça, (em parceria com a Áustria) a quem cabe organizar o Euro 08.
Como sempre tudo está previsto para decorrer de forma irrepreensivelmente exemplar como é, aliás a sua tradição. O país dos chocolates e dos relógios de cuco, pretende, uma vez mais, passar ao resto do planeta a sua capacidade exemplar de organização.
Tudo foi concebido de forma calculada e, quiçá, calculista. Tudo controlado, limpinho, sem ruídos despropositados nas ruas e nos bares (dentro de horas) e, sobretudo, nos bares e nas ruas, (fora de horas) controlando ainda a ingestão de cerveja apenas quanto baste para condicionar o exteriorizar de emoções!
Na verdade os suíços continuam obcecados em transmitir ao Mundo uma imagem organizacional impecável e de absoluta ordem social; mas, ao mesmo tempo, esqueceram-se que um campeonato desportivo, neste caso de futebol, não é a mesma coisa que organizar a habitual cimeira da elite económica mundial, em Davos, por ocasião do Fórum Económico e Social.
Ao contrário das cimeiras, os campeonatos de futebol precisam inexoravelmente de público. Primeiro, porque a comparticipação deste público é fundamental para pagar o evento; depois, porque ele é, em si mesmo, um fenómeno mediático. Sim, o futebol é um desporto de emoções, de celebração colectiva sendo impossível celebrá-lo de forma calculista, sem pessoas, sem adeptos, sem marketing, sem publicidade.
Os suíços não são parvos e ao seu inicial discurso de rigor e tolerância zero deste europeu seguiu-se a velha máxima se a montanha não vem a Maomé vai o Maomé à montanha. Exemplo disso é a forma tolerante com observam agora as celebrações emotivas e ruidosas com que os portugueses vêm celebrando, patriótica efusivamente, nos bares e nas ruas, a presença e o desempenho da sua equipa nacional e, deste modo, a emitir uma espécie de grito emocionado de libertação de um povo emigrante perante o jugo do povo suíço que o acolheu, é certo, mas de um forma fria e distante e sem qulquer substância relacional nesta longa mas transitória caminhada emigrante.
Para terminar afirmo que se alguma coisa este povo português precisa é de vitórias, que tão arredadas andam de todos nós, e de afirmação de portugalidade perante os seus pares no contexto global.
Para já, começámos com uma vitória saborosa e de alto teor nutritivo para alimentar a esperança do nosso esfomeado Ego Lusitano. A seguir que venham o Checos que logo lhes daremos o arroz...
Portugal, Portugal, Portugal....