domingo, novembro 04, 2007

POR INCRÍVEL QUE PAREÇA…



Nunca vi como hoje os professores a fazerem um esforço enorme e desgastante.

Trabalham imenso, como não se via antes. Procuram ser bons profissionais e, no entanto, as coisas estão cada vez piores. Não será tempo de se ir procurar encontrar solução para o problema do sistema educativo noutro lado em vez de estar sempre a culpabilizar quem tanto se esforça?

Eu não tenho dúvidas de que com medidas como este estatuto do aluno as coisas poderão vir a piorar ainda mais. E por muito que as "estatísticas" venham mostrar que o sucesso está a aumentar, há uma prova dos nove que mostra a realidade tal como ela é: a comparação dos conhecimentos dos estudantes portugueses médios com os filhos dos estrangeiros que cá trabalham. E aí é como na União Europeia, estamos cada vez mais longe. Que será destes miúdos quando, num mundo cada vez mais pequeno e global, tiverem de competir com outros de outros países por um emprego?

Como compreender que alunos romenos, moldavos, entre outros, saibam mais de Língua Portuguesa que os próprios portugueses, ou de História de Portugal? O que vai ser preciso para recuperar esta gente irresponsável e negligente que se esqueceu que além de direitos têm deveres para com eles próprios, para com a família e para com a sociedade e o país?

E hoje a maioria dos pais não tem tempo, nem formação humana para ajudar os filhos a crescerem e a criarem bons hábitos. Os próprios pais nem têm tempo para se dedicarem um ao outro, quanto mais "aturar" as criancinhas!

Os grandes problemas como a droga, a vadiagem e até a incapacidade de inserção social deve-se ao facto dos pais não "perderem" tempo com os filhos a falar com eles a ajudá-los e a encaminhá-los.
É um fenómeno dos nossos tempos em que os homens se perdem com o futebol e as mulheres com as telenovelas. E ainda o facto de alguns terem que trabalhar bastante para poderem manter um bom nível de vida social, outros há que nem já com isso se preocupam…

A grande aposta deveria ser quanto a mim, voltar a conferir prestígio à Escola, e aos professores, começando por lhes reforçar a autoridade, depois será uma questão de tempo. Introduzir na remuneração dos professores, prémios pelo desempenho. Conferir maior autonomia financeira ás escolas, nomeadamente no reforço da segurança de professores e alunos face a actos de vandalismo, melhoria do equipamento e na aposta de um projecto Educativo mais ambicioso, talvez por aí, os resultados começassem a aparecer.

De uma coisa eu não tenho dúvida, esta equipa do ministério não está a ajudar nada nesta matéria. É um desabafo, mas eu e os meus colegas professores gostávamos de nos sentir incentivados e apoiados, pela hierarquia do ME, nesta tarefa cada vez mais difícil de preparar os HOMENS de amanhã. Gostava de sentir que eles vão na mesma direcção que nós que nos ajudassem a lá chegar. E não é que, por incrível que pareça, sinto exactamente o oposto!...