sexta-feira, outubro 26, 2007


O PCP NO SEU MELHOR…

Há poucos dias Jerónimo de Sousa reiterava: «o PCP está contra esta Europa referindo ainda que «Portugal perdia soberania, com a redução do direito de veto, transferindo competências fundamentais do Estado e das suas instituições democráticas para as instituições supranacionais e antidemocráticas da União Europeia». Continuando, referia que neste Tratado de Lisboa, agora negociado e acordado, «José Sócrates não conseguiu ter uma pequena negociação, um pequeno ganho, para mostrar aos portugueses».

O acordo agora alcançado pela Presidência Portuguesa em torno do Tratado Reformador da União Europeia foi celebrado e elogiado por todos os partidos portugueses, à excepção do PCP e do Bloco de Esquerda.

O PCP acrescentaria que o acordo considerado «histórico» é «uma encenação meticulosamente preparada para iludir os povos da União Europeia» referindo ainda que «agora que o texto do Tratado é já inteiramente conhecido, o Governo fica sem mais pretextos para continuar a fugir ao compromisso eleitoral de realizar um referendo».

Fortes argumentos democráticos, estes do PCP, pelo referendo. Só foi pena que os comunistas portugueses não utilizassem os mesmos argumentos aquando dos referendos ocorridos em Portugal sobre a Regionalização e sobre o Aborto. Nestas matérias não se justificavam quaisquer referendos dado que Parlamento era suficientemente representativo. Agora após a experiência da “massiva corrida às urnas” nos referendos anteriores os dirigentes do PCP acham que: “o referendo é indispensável”.

É verdadeiramente fantástica esta perspectiva de liberdade deste PCP ultra-democrático que foi sempre contra a nossa integração europeia, (recordam-se?) sem no entanto abdicar dos lugares dos seus eurodeputados, e que, tanto exalta os regimes democráticos de Cuba e da Coreia do Norte como sanciona “democraticamente” alguns dos seus mais destacados militantes, (todos nos lembramos da perseguição e expulsão dos renovadores) retirando-lhes a confiança política, apenas porque cometeram o crime antidemocrático de quererem acabar os mandatos para os quais foram eleitos. Tudo isto porque o crime cometido pelos militantes sancionados foi: «delito de desobediência às directivas do partido».

A Constituição da República Portuguesa determina, no seu artigo 147.º que "a Assembleia da República é a assembleia representativa de todos os cidadãos portugueses”. Na perspectiva do PCP tem dias…

Notável! Tudo isto proveniente de um partido que tanto defende a democracia e que, com esse argumento de liberdade, se bate pela realização de um referendo por não sentir, actualmente, a Assembleia da República como órgão legítimo representativo do povo português?

Será esta uma tentativa de regresso a uma política dura, neo-estalinista, na orientação do partido?