O Ministério da Saúde vai redimensionar os Serviços de Maternidade em Portugal
Com base num estudo técnico feito por técnicos superiores e médicos especialistas, (que são quem sabe destas coisas) recomendam ao Governo o encerramento das maternidades que realizem menos de 1500 partos por ano – número mínimo aceite pelos técnicos para garantir o desenvolvimento de competências críticas que assegurem os elevados padrões de qualidade na assistência à maternidade num país desenvolvido – o Governo prepara-se para mandar fechar as maternidades que não obedecem aos requisitos mínimos daquele estudo.
É para mim evidente que a medida governamental é, em grande parte, determinada também por critérios economicistas. É, no entanto, também evidente que essa medida é plenamente justificada em termos técnicos e de segurança do acto médico.
O facto de haver hoje uma maternidade numa determinada cidade não significa que a existência de tal maternidade se justifique, nem que a sua localização nessa cidade seja a mais adequada.
Facilmente se constata que este caso do encerramento das maternidades está envolvido numa imensa dose de emoção e bairrismo das populações afectadas, mas, sobretudo, uma elevada dose de demagogia por uma oposição sedenta de protagonismo, que por um lado critica o orçamento pelo lado da despesa e por outro critica o Governo quando actua no sentido de diminuir essa mesma despesa.
Muito por culpa dos governos desta mesma oposição que tanto critica, é sabido que houve, nos últimos anos, um sobre investimento leviano de alguns hospitais em Portugal, sendo o caso mais caricato o dos três hospitais de: Abrantes, Tomar e Torres Novas, situados, cada um, a menos de
As intervenções médicas têm que ser centralizadas de acordo com critérios técnicos. Não podem ser efectuadas operações ao coração em cada centro de saúde, nem mesmo em cada hospital. Da mesma forma, não devem ser efectuados partos em cada hospital. As operações ao coração são efectuadas em três hospitais centrais; os partos, num número também limitado de hospitais.
O que o governo Sócrates está agora a tentar fazer em Portugal aquilo que a Espanha, (que tantas vezes elegemos como paradigma da boa administração) já fez há dez anos atrás, reduzindo a despesa pública e optimizando os recursos que como todos sabemos são limitados.
Só por curiosidade era bom levar ao conhecimento de quem tanto contesta que utilização da tão propalada Maternidade do Hospital de Badajoz, que serve uma população espanhola num raio de 300Km, sim, não fiquem escandalizados, não me enganei, é mesmo essa distância.
E durante todos estes anos a população de Seia saberá a que distância da nossa terra fica a maternidade que nos dá assistência nesta área da saúde? Com a agravante de que a Maternidade da Guarda, devido ao facto de não ter grandes condições, não presta por isso, o melhor serviço!...
Se Vila Real de Santo António fica mais perto de Huelva do que de Faro, é perfeitamente lógico que as mães dessa localidade portuguesa vão a Huelva ter os seus filhos. Tal como, aliás, lá vão comprar continuamente gasolina e detergentes e outros produtos, (onde está neste caso o tão propalado patriotismo?)...
Numa perspectiva europeísta, há também demagogia sobre os partos serem realizados em Espanha e essa demagogia não faz qualquer sentido. É triste que políticos que se afirmam europeístas caiam no nacionalismo mais bacoco neste caso das maternidades.
Já hoje boa parte dos nossos hospitais e centros de saúde são tripulados por médicos e enfermeiros espanhóis, para grande satisfação da generalidade dos utentes. E já hoje algumas mães decidem ir ter os seus filhos a Espanha, por razões, perfeitamente compreensíveis, de acharem isso mais seguro.
Fundamental é colocar toda a capacidade técnica e humana para salvaguardar a vida e a saúde da mãe e do novo ser, dando-lhes todas as condições que a modernidade coloca ao nosso alcance...
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