“O Desastre político na estratégia do Ministério da Educação”
Completamente absurdo foi o facto de que sendo Portugal um país membro da União Europeia, de pleno direito, uma região de vanguarda do planeta global, tenha ido recuperar a um país do chamado 3º mundo, (Chile) o modelo conceptual da avaliação do desempenho docente que pretendeu impor, sem tomar em consideração as profundas diferenças entre as duas realidades, culturais e regionais, incontornáveis. Estranho, muito estranho foi que o M.E. não pusesse em prática réplicas dos modelos conceptuais em uso nos países europeus, sobretudo, os modelos comprovadamente de “boas-práticas” em vigor nos países de maior sucesso da Europa!...
Pior que tudo isso foi, ainda, o M.E. fazer “orelhas moucas” à voz de muitos professores que, de recta intenção e, de forma construtiva, alertaram tantas vezes, para inexequibilidade do processo, bem como para o perigo da sua generalização sem que houvesse a sua prévia experimentação, tendo os responsáveis do ME prosseguido, (intransigentemente) com esta estratégia bacoca durante mais de um ano, perante todos os sinais, até ao momento em que, finalmente, se aperceberam do erro crasso em que teimosamente caíram.
Mal, muito mal esteve esta equipa do ME. Quando arrepiaram caminho já era tarde para emendar a mão!...
Em política não pode valer tudo!
Depois do que se tem passado, nesta autêntica novela, é minha opinião que, politicamente, nada poderá continuar na mesma. Seria mesmo um tremendo erro político teimar nos mesmos protagonistas do fracasso pelo que é inevitável “ rolarem de cabeças” neste, teimosamente infeliz, Ministério da Educação.
3 Comments:
Já não é só o ME . Para mim as cabeças maiores tambem mereciam "rolar". Não foi o nosso primeiro que, esteve na linha e no tom do "era o que faltava!!..." ?
A mim só me resta uma atitude, votar Socrates nunca mais...
Infelizmente este PS não tem cabeça sequer...quem deve rolar então????
Caro colega João
Comungo plenamente das tuas opiniões acerca do descalabro político na estratégia do nosso Ministério da Educação.
Sendo Portugal um país da União Europeia, como pode compreender-se que não siga os seguintes princípios europeus relativos às competências e qualificações dos professores, definidos em 2005:
• Formação inicial de nível superior que valorize a qualidade do ensino e a prática reflexiva e promova a compreensão da dimensão social e cultural do processo educativo;
• Contexto de aprendizagem ao longo da vida - aquisição de novos conhecimentos, capacidade de inovar, utilização de evidências como base da sua prática profissional.
Seja qual for o modelo de avaliação de Pessoal Docente a implementar, a Qualidade do Ensino tem de ter uma importância fundamental.
Sobre esta matéria existe aliás um sólido consenso entre os investigadores:
• O factor mais determinante na variação da qualidade dos sistemas de ensino é a qualidade dos seus professores.
(McKinsey & Company, 2007)
• O factor que mais influência tem sobre o desempenho dos alunos é a qualidade do desempenho dos professores.
(Darling-Hammond, 2000)
O ensino e as aprendizagens melhoram quando:
• Os professores tomam consciência de áreas específicas deficitárias na sua prática profissional;
• Há contacto directo com boas práticas;
• Há motivação para a melhoria.
(McKinsey & Company, 2007)
Avaliar o Desempenho Docente
Trata-se sempre de saber, por inferência, se, e em que medida, os professores adquiriram e desenvolveram as competências consideradas como integrando os referentes da avaliação.
O perfil de desempenho constitui o referencial fundamental a utilizar na avaliação do desempenho.
A comparação entre o desempenho real e o perfil desejável permite identificar/acentuar pontos fortes e fracos da actividade do docente.
(Rodrigues & Peralta, 2008)
Modelos de Avaliação do Desempenho
- Não há modelos de avaliação perfeitos.
- É essencial avaliar o desempenho docente.
- É necessário implementar um modelo e aperfeiçoá-lo continuadamente com o contributo de todos.
- Um sistema eficaz de avaliação dos professores requer a confiança de todos os participantes.
- Todos os participantes têm de conhecer e valorizar os objectivos da avaliação.
- Os professores aderirão a um sistema de avaliação que procure o desenvolvimento profissional e não a prestação de contas.
- Os modelos que se mostram eficazes complementam o objectivo de garantir a qualidade do ensino e da aprendizagem com o desenvolvimento profissional.
(Kleinhenz, Ingvarson, Chadbourne,2002)
A Recolha de Dados para a Avaliação do Desempenho
- A avaliação terá de realizar-se com base em elementos observados, descritos, analisados e interpretados.
(Rodrigues & Peralta, 2008)
- A diversificação das fontes de informação, teta de ir para além da sala de aula, permitindo abarcar todas as dimensões da acção docente.
- Será fundamental a recolha sistemática, ao longo do período de avaliação, das evidências que se considerarem comprovar a qualidade do desempenho.
Aspectos Positivos de um modelo eficaz de Avaliação do Desempenho
• A profissão será vivida como uma carreira e não como um emprego.
• Haverá maior motivação para perseguir objectivos de escola e do sistema.
• A valorização das prestações individuais.
• A quebra do isolamento profissional.
• O desenvolvimento de capacidades de reflexão, auto-análise e partilha.
• A escola tornar-se-á mais colaborativa, dinâmica e atenta às características do contexto.
• O processo de ensino/aprendizagem torna-se-á mais activo e eficaz, perspectivando-se a melhoria dos resultados escolares dos alunos.
• Os órgãos de gestão/administração e as estruturas intermédias adoptarão modelos de funcionamento mais reflexivos, partilhados e pró-activos.
• Os responsáveis pelas estruturas intermédias passarão a assumir-se como líderes de uma equipa, não se resumindo a um papel de ligação entre os seus pares e os restantes órgãos da escola.
• A escola conhecerá melhor os seus profissionais, o que irá proporcionar uma gestão dos recursos mais adequada às necessidades da organização e às características dos docentes.
A avaliação do desempenho deverá ser encarada com um indicador de oportunidades de desenvolvimento profissional porque irá:
• Permitir estabelecer metas e estratégias de acção.
• Promover o trabalho colaborativo com vista à resolução de problemas.
• Incentivar o trabalho entre pares.
• Propiciar o empenhamento em tarefas concretas de ensino, observação, avaliação, experimentação e reflexão pedagógica.
• Potenciar uma cultura de colegialidade.
Um abraço solidário.
Lutemos em prol da dignidade da classe docente.
Luar de Prata
Caro João,
A teimosia pode ser uma virtude, mas na maior parte das vezes é um defeito. Por outro lado nunca ninguém jogou futebol sem bola. Colocar os professores (a bola) fora do campo é impedir o jogo.
Com estima e admiração,
João
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