sábado, fevereiro 23, 2008

(Clique e delicie-se a ouvir)

Fados - um filme de Carlos Saura

Tive oportunidade, afinal como todos os senenses, de assistir na passada quinta-feira, dia 21, à estreia do último trabalho do realizador espanhol Carlos Saura.

Se há algo que aplaudo neste “filme” é o facto de um estrangeiro se “atrever” a realizar um trabalho cinematográfico sobre o fado, algo que nenhum realizador/produtor português se atreveu a fazer até agora. A temática é um manancial ilimitado onde poderia ser reflectida, praticamente, toda a diáspora de um povo.

Este trabalho poderia ser, de facto, uma obra monumental que teria toda a possibilidade de ser um caso sério no panorama internacional, mas infelizmente não passou de um "boa" intenção.

Mas vamos ao “filme”.

Admito que tinha algumas expectativas, mas se os efeitos plásticos das coreografias e a cenografia projectada, não me impressionaram substancialmente, apesar de alguns apontamentos interessantes, os efeitos estéticos da sonoplastia proposta também não me iriam cativar com a excepção de algumas tentativas de fusão com outras realidades musicais como o flamenco, a morna, o samba ou o rap, que levadas a um nível mais envolvente e elevado poderiam atingir um patamar bem mais importante em sonoridades que poderiam, seguramente fazer a diferença. Mas o realce da obra advém do facto de ser um trabalho feito por um não português, neste caso um espanhol que se atreveu a vir para Portugal fazer um filme sobre fados… algo que como disse, os próprios cineastas portugueses, não tiveram o atrevimento de fazer.

O homem até poderia ter muito boa vontade e a melhor das intenções, mas neste caso, ou não fez o trabalho de casa ou então foi muito mal aconselhado.

Como poderá ser realizado um trabalho sobre o Fado que omita o fado de Coimbra e nomes como: Zeca Afonso, Carlos Paredes, Dulce Pontes, Carlos Ramos, João Braga, Teresa Noronha, entre muitos outros, e, esquecendo praticamente, a nossa enorme Amália?

Reforço aqui a falta de sensibilidade de um não português, (que é desculpável) para levar por diante uma obra desta natureza, mas não se rodeou de conselheiros lusos entre os quais Carlos do Carmo e o musicólogo Rui Vieira Nery, ex-secretário de estado da Cultura?

Por nós ficamos a aguardar a próxima tentativa que trate o FADO como ele verdadeiramente merece...

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

O Carlos Saura fiz já outros filmes dedicados a estilos musicais assim como o tango ou o flamenco. Não se compreende como neste caso, e aconselhado sobretudo pelo Carlos do Carmo, esqueceu d'Amalia, da Dulce, da Noronha...
Acho eu, que tudo depende das amizades que cada um tenha...
É muito triste, mas é assim...
VIVA A AMÁLIA!

fevereiro 23, 2008 7:59 da tarde  

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