segunda-feira, setembro 28, 2009


A verdade da política é o voto. O resto é conversa


Apesar do cartão amarelo mostrado pelo eleitorado, os meus Parabéns ao PS e a José Sócrates que venceram as eleições em condições particularmente difíceis.
Por mais que os outros partidos reclamem a vitória eleitoral para si próprios, o PS é o único partido que não vislumbra qualquer outro à sua frente.
O PS como partido vencedor é o único que está em condições de ser convidado pelo PR a formar governo, ponto final.
Depois dos cenários catastróficos profetizados, por alguns analistas políticos, os resultados decorrentes das eleições de ontem, foram claramente expressivos ou seja, os portugueses continuaram a dar confiança política a Sócrates só que, desta vez, com maioria relativa, o que o obriga a reflectir sobre algumas opções governativas e a reformulá-las para a próxima legislatura.
No entanto, atendendo a estes resultados, o Partido Socialista terá que decidir qual é a sua própria identidade.
O PS tem que decidir se é um partido de Esquerda ou Liberal. Há razões muito óbvias que levaram os eleitores de Esquerda que tradicionalmente votam no partido a não votar neste PS porque não o sentem seu. Há razões como o autoritarismo, a promiscuidade com os grandes interesses económicos e financeiros, uma agenda social tímida, a erosão dos direitos dos trabalhadores e alguma afronta a classes profissionais. José Sócrates e o PS terão que decidir se querem governar com a Esquerda, negociando com o BE e CDU, ou se querem governar com a direita em coligação com o CDS.
O que fica explícito é que o eleitorado deixou claro que, pelo menos neste momento, os portugueses estão fartos de maiorias absolutas, de teimosias e autoritarismos absolutos.
No entanto, reflectindo nos maus resultados eleitorais da oposição, o que fica provado é que o PSD não se revelou alternativa de governo, nem teve uma líder à altura dos desafios que o país necessita. Este PSD não propôs um programa alternativo à governação, nem apresentou um projecto credível. Baseou toda a campanha na tal política de verdade, chafurdando e atirando tanta lama ao PS que, desgraçadamente, ficou chafurdado nela. E, como os portugueses não são burros justiçaram-na com resultados equiparados ao pior que o partido obteve no tempo da liderança de Santana Lopes. Foi um partido que não ganhando nada perdeu quase tudo… Um PSD forte como oposição credível faz falta ao país. Para isso necessita, inevitavelmente, de sangue novo e de uma nova geração de líderes não comprometidos por um certo passado. Para um partido como o PSD, qualquer resultado abaixo da fasquia dos 30% é uma derrota pesada, por isso, por mais que tentem não há maneira de dourar a pílula.
Neste sentido, nesta noite eleitoral, os facas longas, só ainda não avançaram por causa da das autárquicas. O assunto ficará pendente, pelo que vamos aguardar por eles logo no dia seguinte ao próximo acto eleitoral, porque por aquelas bandas urge uma nova geração de líderes não sujeita ao bafio cavaquista.
Por outro lado, a demagogia, o populismo, mas, sobretudo, o descontentamento das hostes laranja, com também de algumas classes profissionais bafejaram o CDS e o Paulinho das feiras com os melhores resultados desde há 26 anos. Para mim, uma verdadeira surpresa, pois sempre pensei que ficaria atrás do B.E.
Quanto ao Bloco e Esquerda, (BE) que também apostou na demagogia e no descontentamento das classes profissionais, tudo me levava a crer que atingiria os dois dígitos. Apesar de ficar bem pertinho não conseguiu. Uma certa desilusão, mas pior que isso, (e isso é o que vai doer mais) o BE não é, só por si, uma alternativa a uma futura coligação governamental...
Finalmente, a última coligação a meter deputados foi a CDU que invoca a sua habitual vitória da noite eleitoral. Mesmo com a última posição deste ranking a CDU avança com toda a confiança!... Com a confiança de quem?