segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Sei em quem não voto

Depois de apenas quatro meses de tentativas sempre fracassadas de governação, onde se assistiu a quase tudo que era possível assistir, só para relembrar algumas: começando pela tomada de posse do governo, simplesmente hilariante, onde Ministros e Secretários de Estado, ou revelaram com surpresa o objecto e assunto que constituíam as pastas dos seus próprios ministérios, ou então foram surpreendente nomeados para uma Secretaria de Estado diferente daquela que inicialmente se propuseram preencher. Enfim naquela altura valeu o improviso e a polivalência dos políticos deste governo. Logo nos primeiros dias de governação começa a assistir-se à constante contradição do discurso entre o primeiro e os restantes ministros, constatando-se numa capacidade e elevado limite elástico que conseguem adiar, até ao limite, o ponto de ruptura. Na reentrè política, já em Setembro, vamos todos ter a oportunidade de assistir à maior incompetência e trapalhada que alguma vez se assistiu em Portugal na colocação de professores. Esta foi a ministra mais trapalhona e incompetente que alguma vez subiu o elevador do edifício do Ministério da Educação. As contrariedades e as histórias incríveis que dela brotavam em grande caudal, foram tais que ela própria ficará na história pelos piores motivos. Mas a coisa não fica por aqui; à boa maneira dos governos da América Latina, o Dr. Lopes cai na tentação mandar de controlar os mass media, tendo, por entreposto ministro, de seu nome Gomes da Silva, obter o silêncio da voz dominical e incómoda do professor Marcelo, a bem da governação. E não é que conseguiu mesmo? Que eficácia de governação! Apesar da maioria absoluta do governo, até os cegos viam que o governo parecia um saco de gatos. Depois de muitas contradições sobre os princípios e linhas orientadoras do documento entre o Primeiro-ministro e o seu Ministro das Finanças, lá conseguiram levar à votação do Parlamento um Orçamento Geral de Estado populista, em perfeita colisão com as orientações das anteriores propostas da austera Dra. Ferreira Leite, que ficou com o odioso da questão. Entretanto assiste-se, após nova remodelação governamental a um Carnaval antecipado entre os membros do governo, em que o ministro Henrique Chaves bate com a porta chamando traidor ao Dr. Lopes, pelas facadas que lhe teria desferido nas costas. O próprio Dr. Lopes queixa-se das dores que estava sofrendo, pois para aquelas bandas o clima virou um autêntico Far West, com pancadaria de criar bicho, ainda na própria incubadora. Era um fartar vilanagem… Não havia ninguém que passasse junto à incubadora que conseguisse ficar indiferente. Aquilo sim, é que era malhar a sério. Como é costume dizer-se, todos os companheiros “molhavam a sopa”!... Realmente ninguém se entendia, até que o P.R., para pôr fim a toda esta trapalhada, teve que convocar eleições antecipadas.
Segue-se a campanha! Como é possível assistir a uma campanha eleitoral sem qualquer pudor ou lisura do ainda Primeiro-ministro? Que princípios assistirão a semelhante comportamento, onde vale absolutamente tudo? Depois de assistirmos a uma pré-campanha do mais baixo nível; à falta de um projecto político e da incapacidade de fazer passar qualquer mensagem, (já era bom que existisse!) utiliza-se apenas a estratégia de denegrir os adversários de forma baixa, vil, soez até, reveladora de uma “moralidade” sórdida apenas para “ratar” nas pessoas (o boato e a insídia) e uma incapacidade absoluta para discutir ideias ou projectos. Razões tinham os seus pares que em tantos congressos nunca lhe reconheceram qualquer qualidade, perfil ou até capacidade para dirigir sequer o próprio partido. Este eterno candidato quando não saía derrotado retirava, ele próprio, a sua candidatura. Enfim, com esta falta de sentido de Estado e por tudo aquilo que temos assistido, o candidato Dr. Lopes revela uma total incapacidade de gerir sequer o Cabaret da Coxa! Como é possível, parar a campanha, (porque é Carnaval) para, à boa maneira dos ditadores dos países da América do Sul, fazer inaugurações e assinar protocolos, com chegada triunfal em avião a jacto (era para ensinar os caminhos da pista aos jornalistas) e ainda, imagine-se, fazer campanha como primeiro-ministro, rebatendo assuntos eleitorais, utilizando meios de Estado e a sua própria residência oficial. Que falta de dignidade!...
Enfim… Para salvar a honra do convento restam-nos as declarações de Alberto João Jardim que na sua insular sabedoria e, perfilando-se desde já como putativo candidato presidencial do partido laranja a Belém, vai fazendo notáveis considerações sobre o Sr. Silva, confirmando a anterior tese do saco de gatos. A memória dos homens é curta, que ingratidão!...
Depois deste breve histórico, haverá alguém que ainda sinta vontade em votar neste candidato a Primeiro-ministro?