sexta-feira, fevereiro 25, 2005

RESPIRAR FINALMENTE!...

Que Santana Lopes é um católico supersticioso e se interessa por fenómenos paranormais, já todos o sabíamos, sobretudo desde o dia em que disse que "estava escrito nas estrelas" que teria de se defrontar com Durão Barroso.
Na altura, ficou célebre a resposta de Durão Barroso referindo que Santana Lopes era "um misto de Zandinga e Gabriel Alves".
E não é que este efeito está a alastrar aos militantes laranja, de mau perder? (Depois dos artigos do inefável Luís Delgado, veja-se o artigo de Vasco Graça Moura, também no DN).
Meus caros senhores, os números são eloquentes! Excepto a Diocese de Leiria, (fenómeno Lúcia?) a mudança foi radical.
Depois da seca que o povo português sofreu, nos últimos tempos, finalmente começa a chover. Como vêem, até o tempo mudou!... Finalmente respira-se!...

terça-feira, fevereiro 22, 2005

VITÓRIA DOS PORTUGUESES

Na noite eleitoral, os grandes vencedores foram sem dúvida o P.S., o Eng. José Sócrates, o Sr. Presidente da República e a esquerda. (o B.E. de forma espectacular); mas também, o Dr. Pacheco Pereira (triunfo da inteligência e da coerência). No entanto, o grande vencedor foi, inequivocamente, o Povo Português. Sendo ele o grande obreiro, provou inequivocamente ser um povo esclarecido e generoso!
O povo português, provou de forma indelével que:
1. não esteve distraído, penalizando a trapalhada e a incompetência;
2. não se deixou levar pelas falas mansas de quem nada tinha provado até então;
3. não esteve disposto a dar cobertura ao boato e ao insulto baixo e soez;
4. não premeia nunca a mentira, e o oportunismo bacoco, penalizando os seus impulsionadores;
5. esteve absolutamente de acordo com a decisão do P. R. quando resolveu dissolver o Parlamento;
Nesta sequência, conclui-se facilmente que o povo, sentiu a necessidade urgente e inequívoca de mudança, dando uma oportunidade única ao Partido Socialista que, deste modo, obteve maior votação de sempre!... Pela primeira vez uma vitória com maioria absoluta em todos os círculos eleitorais, salvo na Madeira e em Leiria, sendo que a vitória mais significativa, foi ganhar pela primeira vez em Viseu, ex-cavaquistão, (capital da nossa GAM). Um verdadeiro feito para a história do PS e para a história contemporânea da política portuguesa.
O Sr. Eng. Sócrates, principal responsável pela vitória socialista, enfrentou com dignidade e sobriedade a vergonhosa campanha suja contra si, promovida e alimentada pelo PSD, mantendo uma linha de seriedade e determinação sem desfalecimento e resistindo à constante pressão dos "média", relativamente a outro cenário que não fosse o da maioria absoluta.
Estas eleições foram uma enorme lição para políticos, para jornalistas, para algumas personagens que têm habitualmente um pé nos dois campos e, ainda, para outras personagens que não têm pés em coisa alguma.
Os tempos não estão para grandes euforias, ainda assim, festejemos!... Não é sempre que se vencem umas eleições em ternos tão eloquentes. O Povo Português deu uma lição de maturidade sobre a qual todos devem reflectir, a começar pelos que agora vão ter a responsabilidade de ser governo; desta vez o cidadão comum exige a resolução de problemas, dispensando promessas vãs. Desta vez, houve verdadeiramente um movimento colectivo de vontades para dar uma maioria absoluta, registando-se pela primeira vez, nos últimos anos, um aumento significativo dos votantes.
Definitivamente deixou de haver mandatos grátis. Deste modo, quem governa deve fazê-lo com competência e honestidade, quem faz justiça deve fazê-lo com total imparcialidade e quem informa deve ser obstinadamente imparcial.
O Povo, que tudo leva a crer estar disposto a fazer os sacrifícios necessários para fazer face à situação caótica do país, duvido que dê alguma vez mais, a qualquer governo, o benefício da dúvida, pelo que nem sei se irá sequer considerar a hipótese de atribuir à governação que se perfila, o habitual período de graça. Parecendo-me antes, haver da sua parte uma exigência de rigor e competência, na constituição da futura equipa governativa!... Ao contrário do que pudemos constatar no anterior governo, desde a escolha dos seus membros, até à contratação do mais modesto assessor, nas opções a tomar, a competência deverá ser sempre o principal argumento.
O voto de confiança foi tremendo, viabilizando inteiramente as grandes e urgentes reformas de que o país necessita, em direcção ao crescimento económico e, portanto, à ansiada convergência europeia. Não haverá portanto, lugar para mais desculpas! Se, eventualmente, falhar esta derradeira oportunidade, o Povo Português jamais perdoará o fracasso!
Quanto aos perdedores, por tão maus que se revelaram, nem me atrevo a tecer qualquer comentário. Sugiro apenas que façamos os possíveis por esquecer rapidamente a deselegância das afirmações, a infelicidade das estratégias, assim como as atitudes de mau perder, feridas estas que o tempo, felizmente, se encarregará de sarar…

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Sei em quem não voto

Depois de apenas quatro meses de tentativas sempre fracassadas de governação, onde se assistiu a quase tudo que era possível assistir, só para relembrar algumas: começando pela tomada de posse do governo, simplesmente hilariante, onde Ministros e Secretários de Estado, ou revelaram com surpresa o objecto e assunto que constituíam as pastas dos seus próprios ministérios, ou então foram surpreendente nomeados para uma Secretaria de Estado diferente daquela que inicialmente se propuseram preencher. Enfim naquela altura valeu o improviso e a polivalência dos políticos deste governo. Logo nos primeiros dias de governação começa a assistir-se à constante contradição do discurso entre o primeiro e os restantes ministros, constatando-se numa capacidade e elevado limite elástico que conseguem adiar, até ao limite, o ponto de ruptura. Na reentrè política, já em Setembro, vamos todos ter a oportunidade de assistir à maior incompetência e trapalhada que alguma vez se assistiu em Portugal na colocação de professores. Esta foi a ministra mais trapalhona e incompetente que alguma vez subiu o elevador do edifício do Ministério da Educação. As contrariedades e as histórias incríveis que dela brotavam em grande caudal, foram tais que ela própria ficará na história pelos piores motivos. Mas a coisa não fica por aqui; à boa maneira dos governos da América Latina, o Dr. Lopes cai na tentação mandar de controlar os mass media, tendo, por entreposto ministro, de seu nome Gomes da Silva, obter o silêncio da voz dominical e incómoda do professor Marcelo, a bem da governação. E não é que conseguiu mesmo? Que eficácia de governação! Apesar da maioria absoluta do governo, até os cegos viam que o governo parecia um saco de gatos. Depois de muitas contradições sobre os princípios e linhas orientadoras do documento entre o Primeiro-ministro e o seu Ministro das Finanças, lá conseguiram levar à votação do Parlamento um Orçamento Geral de Estado populista, em perfeita colisão com as orientações das anteriores propostas da austera Dra. Ferreira Leite, que ficou com o odioso da questão. Entretanto assiste-se, após nova remodelação governamental a um Carnaval antecipado entre os membros do governo, em que o ministro Henrique Chaves bate com a porta chamando traidor ao Dr. Lopes, pelas facadas que lhe teria desferido nas costas. O próprio Dr. Lopes queixa-se das dores que estava sofrendo, pois para aquelas bandas o clima virou um autêntico Far West, com pancadaria de criar bicho, ainda na própria incubadora. Era um fartar vilanagem… Não havia ninguém que passasse junto à incubadora que conseguisse ficar indiferente. Aquilo sim, é que era malhar a sério. Como é costume dizer-se, todos os companheiros “molhavam a sopa”!... Realmente ninguém se entendia, até que o P.R., para pôr fim a toda esta trapalhada, teve que convocar eleições antecipadas.
Segue-se a campanha! Como é possível assistir a uma campanha eleitoral sem qualquer pudor ou lisura do ainda Primeiro-ministro? Que princípios assistirão a semelhante comportamento, onde vale absolutamente tudo? Depois de assistirmos a uma pré-campanha do mais baixo nível; à falta de um projecto político e da incapacidade de fazer passar qualquer mensagem, (já era bom que existisse!) utiliza-se apenas a estratégia de denegrir os adversários de forma baixa, vil, soez até, reveladora de uma “moralidade” sórdida apenas para “ratar” nas pessoas (o boato e a insídia) e uma incapacidade absoluta para discutir ideias ou projectos. Razões tinham os seus pares que em tantos congressos nunca lhe reconheceram qualquer qualidade, perfil ou até capacidade para dirigir sequer o próprio partido. Este eterno candidato quando não saía derrotado retirava, ele próprio, a sua candidatura. Enfim, com esta falta de sentido de Estado e por tudo aquilo que temos assistido, o candidato Dr. Lopes revela uma total incapacidade de gerir sequer o Cabaret da Coxa! Como é possível, parar a campanha, (porque é Carnaval) para, à boa maneira dos ditadores dos países da América do Sul, fazer inaugurações e assinar protocolos, com chegada triunfal em avião a jacto (era para ensinar os caminhos da pista aos jornalistas) e ainda, imagine-se, fazer campanha como primeiro-ministro, rebatendo assuntos eleitorais, utilizando meios de Estado e a sua própria residência oficial. Que falta de dignidade!...
Enfim… Para salvar a honra do convento restam-nos as declarações de Alberto João Jardim que na sua insular sabedoria e, perfilando-se desde já como putativo candidato presidencial do partido laranja a Belém, vai fazendo notáveis considerações sobre o Sr. Silva, confirmando a anterior tese do saco de gatos. A memória dos homens é curta, que ingratidão!...
Depois deste breve histórico, haverá alguém que ainda sinta vontade em votar neste candidato a Primeiro-ministro?

sábado, fevereiro 12, 2005

Recebi este e-mail que, com algumas adaptações minhas, coloco à consideração dos leitores!

Nas últimas autárquicas o Partido Socialista foi penalizado, e muito bem, porque nos dois anos do segundo mandato não ter sido capaz de ultrapassar dificuldades nem sequer ter atingido os objectivos e as expectativas a que se propôs. Resultado, apanhou uma “banhada”. Na sequência da leitura que fez do resultado eleitoral, António Guterres, fragilizou e logo desistiu (não porque tivesse insistido assim tanto!) porque, em primeiro lugar, não tinha maioria, em segundo lugar, não havia hipótese de constituir um governo com sabor e apoio do queijo limiano e, em terceiro lugar se recusou sequer pensar em coligar-se (maior erro ainda!). Bateu com a porta provocando eleições legislativas. Novamente penalizado, apanhou outra “banhada” e muito bem! Ganhou o PSD, que apesar de não ter maioria se coligou ao PP dando assim estabilidade à governação, ponto final! Passados três anos de congelamento salarial, com elevados sacrifícios para todos nós, e muitos impostos depois e tanto património delapidado, não é que o deficit aumentou e país regrediu divergindo da União Europeia, estando cada vez pior! Alguém sabe qual é agora o tamanho do deficit? Que explicação terão os senhores que se seguiram? Os cidadãos contribuintes portugueses, são esfolados com impostos extorquidos todos os dias, como por exemplo: - ISP - imposto sobre os combustíveis, por cada litro paga-se 75 % de imposto; - IA - imposto sobre automóveis novos, 50 % do valor da viatura adquirida; - IVA - subiu para 19 % sobre tudo que compramos; - IRS - descontado directamente de nossos salários (sim porque os liberais pouco ou raramente pagam!); - contribuição autárquica, que este ano vamos pagar 0,8 % do valor de nossos imóveis; - taxas de difusão televisiva em nossas contas de electricidade. Qualquer dia vão inventar um imposto sobre o ar que respiramos, e não vai demorar muito! De cada 100 euros que ganhamos, pagamos em impostos directos e indirectos mais de 55% ao estado (55 euros). Cada vez que compramos qualquer coisa pagamos na hora (19 % de iva + 32 % de IRC que vem embutido nos produtos + imposto de selo + derrama, etc, etc, etc. Somos escravos do sistema para o benefício de poucos. Se nós contribuintes, tivéssemos a certeza que nossos impostos fossem usados com critério e responsabilidade, não nos importaríamos em pagar, no entanto sabemos muito bem que grandes empresários, desonestos, com a cumplicidade de nossos governantes e políticos (em que muitos também são empresários) não pagam um terço do que os contribuintes que trabalham por conta de outrem pagam. E como se tudo isto não fosse tão absurdo, ainda gastam o dinheiro de nossos impostos para comprar armas (3.250.000.000 euros - três mil milhões e duzentos e cinquenta milhões de euros). será que não existem outras prioridades para definir o que é realmente importante para nós, cidadãos contribuintes eleitores? Quais foram as prioridades deste governo? - compram-se 2 submarinos alemães por 800.000 milhões de euros; - compram-se 40 aviões de guerra f-16 americanos por 500.000 milhões de euros; - compram-se 260 tanques de guerra por 344 milhões de euros; - compram-se 12 helicópteros eh-101 para o exercito, por 440.000 milhões de euros; - gastam-se 310 milhões de euros na modernização dos aviões de patrulha marítima p3 - Orion - compram-se 12 aviões de transporte militar médio por 356.000 milhões de euros para substituir os caça 212 da força aérea portuguesa. - 300 milhões de euros em barcos patrulhas para vigiar os barcos de pesca espanhóis que vão rapar nosso mar, e extinguir nossos recursos pesqueiros. - dois navios de guerra comprados aos americanos, fragatas da classe oliver hazard perry, com deslocamento de pelo menos 4.000 toneladas ( sucata com mais de 20 anos ) por 200 milhões de euros. Gastam-se três mil milhões e 250 milhões de euros (3.250.000.000 euros) em armas que são inúteis para Portugal. Estas opções de gastos demonstram bem o desprezo que nossos políticos têm por nós contribuintes, que sempre pagamos as contas destes parasitas da sociedade Será que este dinheiro gasto em armas que são inúteis para Portugal, não teria sido melhor aplicado no desenvolvimento do país, na construção de infra-estruturas fundamentais como por exemplo: - barragens para a produção de energia; - estradas sem portagens; - na recuperação de infra-estruturas existentes como hospitais que estão degradados; - nas pontes em estado perigoso, será que já nos esquecemos da ponte de entre rios ? - na pesquisa da produção de energia através do hidrogénio; - na qualificação de professores do ensino básico e secundário, e na exigência de qualidade nas escolas públicas. Um país sem quadros profissionais devidamente formado não tem futuro, etc, etc, etc. Nossos políticos gastam milhões de euros com o envio de tropas para o Iraque, Bósnia, Afeganistão, Timor. Será que alguém já contabilizou os custos destas operações para Portugal? Somente no Iraque com a GNR são 17 milhões de euros. Deve ter sido gasto mais de 200 milhões de euros desde 1998 até hoje. Portugal é um país com poucos recursos, no entanto continuamos a jogar fora o dinheiro de nossos impostos em atitudes irracionais. Até quando vamos continuar impávidos e serenos a aceitar o desperdício de nosso dinheiro? Os nossos governantes não encontram prioridades para com os contribuintes portugueses, sem que antes se preocupem com os seus interesses e os interesses dos seus amigos, (acessores pagos a peso de ouro!) e familiares, em detrimento do interesse do país e dos cidadãos? Afinal o que teria acontecido nestes três anos de rigor para a coisa correr assim tão mal? Ah! Mas dado que o Dr. Santana Lopes decretou um dia destes o fim da crise, afirmado que a retoma estava aí, já não ficarei assim tão preocupado. Ainda que fosse verdade!...

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

A derradeira chamada para o último comboio do desenvolvimento - quem o não apanhar ficará definitivamente em terra!..

O tempo urge e não se compadece das lutas comezinhas pelas ”quintas politico-partidárias”, pelas afirmações pessoais de quem tem, ou deseja ter o poder. O importante é “descarregar”, aferindo em sumaríssimos julgamentos quem nos dá mais jeito; encontrando culpados de ocasião, alvos fáceis que no momento “estão ali mesmo à mão. Deste modo, o desporto nacional parece ser o de arranjar bodes expiatórios para as nossas frustrações e insucessos, pensando nós que desta forma aliviamos as nossas consciências, descarregando nas “vítimas” do costume, aquilo que nos vais na alma. Como bons “treinadores de bancada”, pouco nos importa reflectir se estamos a ser correctos, ou justos, o importante é ficarmos aliviados…Se em algum momento nos virmos “apertados”, basta apenas “chutarmos a bola para canto” ou, irresponsavelmente, assobiar olhando para o lado. Antes do mais, temos que ser capazes de acabar definitivamente com esta cultura de má-língua irresponsável que nunca afecta quem fala, penalizando apenas quem faz…
É tempo de agir rapidamente, de forma persistente e concertada no tempo, de encontro às metas previamente traçadas. Estamos fartos!...A verdade é que cada vez menos precisamos de ouvir o resultado das análises e promessas bacocas, feitas por políticos oportunistas e analistas irresponsáveis e pedantes, nem de ficar à espera de prometidos milagres de pseudo salvadores da Pátria. Precisamos sim é criar riqueza e tornar a nossa economia menos dependente dos ciclos económicos. Temos de melhorar e afirmar a nossa balança comercial, com maior percentagem de exportações em relação ao nosso PNB. É urgente acabar com os níveis escandalosos de evasão fiscal. É imperioso e de elementar justiça que os sacrificados do costume paguem um pouco menos e obtenham melhores serviços. É fundamental que a Justiça passe a funcionar de uma forma expedita e merecer a confiança dos cidadãos e agentes económicos. O prazo para a criação empresas tem de diminuir dos cerca de 134 dias de média, indicados pelo Banco Mundial no ano passado, para os valores próximos dos 2 a 4 dias, como acontece nos EUA ou no Canadá. Os empresários têm também que se preparar para aproveitarem a embalagem da globalização. A formação profissional tem que passar a ser uma prioridade quer nas empresas quer na administração pública.
A triste realidade do nosso atraso é que 50% da nossa população activa afirma que a formação e aprendizagem não interessa assim tanto. Na Europa dos 15, apenas 10% em média, tem esta mesma opinião. O Eurobarómetro realizado no início do ano passado para a União Europeia revela que 80% dos nossos activos não frequentou qualquer acção de formação profissional no ano de 2002. Mas é de temer que as estimativas sejam ainda bem piores, talvez para metade desses valores. Mas esta “desgraçeira” não acaba por aqui. Pois ao contrário do que se pretende, ou seja a convergência com a União Europeia, continuamos desgraçadamente o percurso imparável do nosso afastamento…
Assim, no desempenho económico dos últimos anos, Portugal passa de uma notável 6ª posição em 1999, para a 20ª posição em 2003. Na eficácia governativa, passámos da 14ª para a 16ª posição. Na eficácia empresarial, descemos brutalmente da 19ª posição em 1999 para a 29ª posição em 2003, ou seja a pior posição possível nesta classificação. E a nível das infraestruturas, o desempenho não foi melhor: da 19ª posição, passámos para a 28ª. Mas os piores resultados aparecem na Educação e na capacidade científica, ambas na 29ª posição. A Saúde e Ambiente, na 22ª posição, bem como a infraestrutura tecnológica na 26ª posição, implicam urgentes melhorias. Pior mesmo é difícil.
Temos inevitavelmente que melhorar a cooperação tecnológica entre as empresas, e entre estas e as universidades, diminuir obrigatoriamente os níveis de iliteracia económica na população activa, e melhorar toda a estrutura de ensino, desde o primeiro ciclo ao universitário. Definitivamente teremos que substituir a quantidade pela qualidade. A utilização das novas tecnologias da informação pela população activa deve ter como níveis de comparação o que se passa nos países mais avançados, como é o caso de países tão díspares como a Finlândia ou Singapura.
A verdade é que as empresas e os empresários portugueses precisam definitivamente de dar prioridade a alguns parâmetros de desenvolvimento, fixando objectivos anuais ambiciosos, pugnando activamente pelo seu cumprimento, tais como:
a) Aumentar a produtividade do capital. Sistematicamente as empresas portuguesas têm níveis de produtividade do capital, ou rentabilidade, inferiores aos seus concorrentes europeus actuando no nosso mercado. Isso faz com que os seus lucros sejam mais baixos. Sem lucros não há investimentos. Sem investimentos, as empresas não têm futuro. Precisamos de aumentar de forma sustentada a rentabilidade dos investimentos (os especialistas defendem valores na ordem de 10% ao ano, durante pelo menos cinco anos).
Este factor depende fundamentalmente da capacidade de liderança dos governantes, de gestores e empresários. Não se compadece, por exemplo, com um orçamento inicial previsto para o Centro Cultural de Belém de 8 milhões de contos, que se transformam escandalosamente em 40 milhões, sem consequências negativas para nenhum governante nem gestor. Depois do descalabro orçamental da EXPO, pago com elevados custos pelos contribuintes, repetindo-se o mesmo filme com a grosseira derrapagem orçamental dos acessos e estádios de futebol do EURO 2004, que todos nós suportámos. Nesta loucura, neste desvario irresponsável, é o país fica mais pobre e claramente menos competitivo. Basta de irresponsabilidade e do branqueamento dos verdadeiros responsáveis. Por motivos óbvios, temos ainda que travar também “a dança dos (maus) gestores públicos” que por mal gerir, são escandalosamente premiados, sendo um verdadeiro sorvedouro das finanças públicas. É tempo de gerir o país com visão estratégica, com lideranças responsáveis e de sucesso.
b) Aumentar a produtividade do trabalho, tanto na administração pública como nas empresas, esta questão é novamente um problema de liderança: multinacionais como a Opel, a Johnson Wax, a Auto-Europa, a indústria de componentes automóveis e outras, têm dos seus melhores índices de produtividade em Portugal, porque têm seguramente uma boa liderança. Aquela boa liderança que leva os trabalhadores portugueses a serem muito apreciados nos países europeus mais avançados tecnologicamente.
c) Conquistar novos mercados. Fixar este objectivo como prioritário. Em vez de investirmos em produtos e serviços que não têm forte concorrência, que não exportamos, temos de conquistar novos mercados. Espanha e, sobretudo, PALOP`S deveriam ser duas prioridades fundamentais. Segundo alguns economistas, seria desejável fazer um esforço para crescer nestes mercados pelo menos 10% ao ano, de forma sustentada; para isso acontecer seria indispensável uma aliança entre o Estado e as empresas nestes mercados, sacudindo complexos antigos de colonizados no primeiro caso, fazendo desaparecer a superioridade colonizadora no segundo, mas, sobretudo, premiar o cumprimento de objectivos de mercado previamente estabelecidos. Curiosamente, ainda há dias vimos na televisão a aventura de um empresário têxtil de Mira D`Aire que conseguiu conquistar um nicho de mercado para os seus produtos nos EUA, fabricando agora com sucesso mantas para a Disney e Playboy. O sucesso dará trabalho, mas é seguramente gratificante.

d) Dar prioridade à inovação. Dar ênfase à nossa massa cinzenta e à criatividade, quer em Portugal e até no estrangeiro. As nossas empresas têm de inovar a cada momento e, mais ainda, sempre que for necessário. Novos produtos e novos serviços de encontro às necessidades de mercado. Dar a devida importância a cada cliente desses mercados, quer em qualidade, quer em preço, surpreendendo a concorrência internacional. Dar lugar à nova geração de gestores, confiar nos jovens empresários, aproveitando o seu dinamismo e espírito criativo e inovador. Veja-se a dinâmica da ANJE e a internacionalização dos criadores portugueses na área da moda. (Portugal Fashion)
Uma política de bons salários (leia-se gratificantes). Em todas as empresas onde se cumpram estes quatro objectivos que definimos (aumento da produtividade e do capital, do trabalho, da conquista de novos mercados e inovação constante), os salários e os prémios aos trabalhadores têm de melhorar de forma significativa. A motivação é fundamental à prossecução dos objectivos. Não vamos a parte alguma com congelamento de salários. Mas também não vamos lá com aumentos automáticos e sistemáticos, sem melhoria da qualidade e do desempenho. Temos de dar um sinal claro que compensa trabalhar bem e alargarmos o nosso mercado interno, tornando a nossa economia mais forte e menos dependente das variações cíclicas das economias externas.
Se não inflectirmos rapidamente a situação vai seguramente piorar. Portugal pode ter graves problemas nos próximos dez anos com o alargamento da União Europeia. Muitos empresários serão tentados a um movimento de deslocalização para países do Leste e Centro Europeu, com pessoal muito mais bem preparado e salários mais baixos. Temos de reagir rapidamente, (o próximo quadro comunitário de apoio acaba no ano 2013) melhorando a qualificação da nossa população activa e insistindo em produtos e serviços de maior valor acrescentado, onde o salário tenha uma expressão reduzida em relação aos preços e aos custos finais de venda. A questão central é de liderança, tanto ao nível público como privado. Precisamos de líderes e gestores interessados no bem comum e com sonhos e visão de futuro para as suas organizações e o seu país que nos coloquem entre os melhores da Europa e não na sua cauda. Precisamos de relacionar os escandalosos benefícios de parte da nossa classe dirigente com a real contribuição das suas organizações para o valor acrescentado e a qualidade de vida.
Portugal pode ser até, no futuro, um país de vanguarda na Europa. Para isso tem de seguir o exemplo de cidadãos de eleição, como António Damásio, José Saramago, Maria João Pires, João Magueijo, José Mourinho (porque não?), entre muitos outros que souberam e conseguiram conquistar o seu lugar, não só em sectores científicos e tecnológicos, mas também em outras áreas do conhecimento e actividade, sendo com todo o mérito reconhecidos pelos seus pares. Trata-se de pessoas como todos nós, com desempenho excepcional, à custa de muito trabalho, estudo e investigação. São pessoas que condimentam a nossa existência e nos fazem sentir verdadeiramente orgulhosos.
Se verdadeiramente quisermos, a situação portuguesa pode melhorar substancialmente, com inteligência, trabalho e rigor. Por isso é imperioso lançar rapidamente a discussão, em debate alargado, a todas as áreas do tecido científico, tecnológico, económico e social português, sobre a melhoria de competitividade da economia portuguesa. É fundamental partilhar os dados, as reflexões, as ideias e as experiências de sucesso com os líderes e dirigentes deste país e procurar em comum as melhores soluções para o futuro, apostando em programas de formação inovadores para executivos, sob formas diferenciadas e adaptadas às diversas situações de forma a dar definitivamente o salto em frente; em direcção a um sucesso pensadamente construído, só possível por aqueles que amam verdadeiramente o país e que ainda têm orgulho em se sentir portugueses.
Só assim será possível levar Portugal aos desafios da modernidade. O nosso subdesenvolvimento não tem que ser desgraçadamente congénito. Já basta!...